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LENDAS DE PORTUGAL7

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LENDA DAS PORTAS DE RÓDÃO

Sobranceiras às célebres Portas de Ródão erguem-se, ainda hoje, velhas ruínas de uma antiga fortaleza que o povo diz ter sido o Castelo do Rei Wamba. Com a bacia hidrográfica do Tejo de um lado e o aprazível e mimoso Vale da Barroca da Senhora do outro, a residência do rei dos visigodos devia ser qualquer coisa de grande e majestosa… Por ali devem ter passado, em gerações sucessivas, reis e generais, ali se desenrolaram com certeza factos de grande importância para a vida e organização de povos antigos.

A uns e outros se não se refere especial ou circunstanciadamente a história, mas a voz do povo, que nada esquece embora por vezes adultere e confunda, essa soube registar e guardar do velho Castelo a seguinte curiosa lenda da Maldição de Ródão. Dominavam os visigodos, já convertidos ao cristianismo, na margem norte do Tejo, ao mesmo tempo que na margem sul imperavam os mouros.

Certo dia, a esposa de Wamba, esquecendo ódios de raça e deveres de esposa, passou para o campo inimigo e entregou-se ao Rei Mouro. Wamba, que a idolatrava, jurou vingança. Não cabia em pessoa da sua estirpe e grande firmeza de ânimo sofrer em silêncio tamanha afronta. Pundonoroso, honrado até mais não, cada hora que passava sem o ajuste de contas, eram para ele séculos sem fim.

Um dia, resolveu dirigir-se ao castelo Mouro, disposto a arrostar e a sujeitar-se a todos os perigos. Vestido de mendigo, recomendara previamente aos seus, que o espreitassem a distância e que, logo que ouvissem tocar a corna de que se fazia acompanhar, corressem em seu auxílio. E marchou. Os campos eram fáceis e os caminhos regulares. Andou, andou, para, em pouco, se encontrar em frente do castelo inimigo.

Coincidência estranha, a primeira pessoa com quem se encontrou foi a própria esposa. Trocadas poucas palavras, logo ela o reconheceu e exclamou entre hesitante e aflita: — Estamos perdidos! Esconde-te nesta alcôva porque o Mouro que foi à caça, não demorará. Wamba, cego de raiva, mas astuto, simulou esquecer a afronta e obedeceu. Poucos minutos passados chegou o Mouro.

Recebido com todas as deferências pela adúltera, esta perguntou-lhe: — Mataste muita caça? — Sim, tive um dia regular!! — Pois também eu, respondeu ela, também eu fiz boa caçada. E, nisto, abriu a porta da alcôva. Wamba, o falso mendigo, estava à vista! Estupefacto, mas satisfeito por ter em suas mãos a vida do seu maior adversário, o Mouro, dirigiu-se-lhe: — O dia de hoje foi para mim de grande felicidade.

Matei muita caça e tenho-te aqui à mão. Quero por isso ser generoso. Vou conceder-te grande privilégio. Ora diz: — que farias tu, Wamba, se te encontrasses no meu lugar? Um raio de esperança iluminou o seu coração acabrunhado! — Apraz-me agradecer a tua gentileza, respondeu Wamba.

E, visto que me é permitido lavrar a própria sentença, quero dizer-te que se os nossos lugares se trocassem, obrigar-te-ia a subires ao ponto mais elevado destes sítios e tocares esta corna até rebentares. — Pois, cumpra-se, disse o Mouro.

Não terás de te queixar… E Wamba foi levado para o ponto mais elevado da residência mourisca, onde tocou, tocou sem cessar. Naquele toque mal o Mouro o podia adivinhar estava a salvação do prisioneiro; e por isso a corna não deixava de se ouvir! Os cavaleiros de Wamba, conforme o combinado, estavam alerta, e tão alerta que, poucos momentos passados, avançavam a todo o galope, por entre imensa nuvem de pó, em direcção ao castelo.

Tudo ali estava desprevenido e preparado para lauto jantar; e, após luta rude, mas luta rápida, infrene, o rei Mouro era morto e a infiel esposa conduzida para a outra margem, para terra de cristãos. Wamba, logo que chegou ao seu castelo, mandou preparar grande banquete.

Vieram os seus melhores amigos, a sua família, e quando todos comentavam com gáudio e satisfação, a morte do Mouro e a vitória dos cristãos, Wamba tomou a palavra para interrogar seus três filhos. E disse-lhes: — Meus filhos: a nossa honra está salva e limpa, tão limpa e pura como de nossos maiores a herdámos.

Está morto o Mouro e prisioneira a que é vossa ignominiosa mãe. Pergunto: — se tivésseis esposas que adorásseis e assim procedessem, que lhes faríeis? Tomou a palavra o mais velho. — Conquanto me seja de muito pesar emitir opinião em assunto tão melindroso, afirmo que, se o caso comigo se desse, mandaria atar a adúltera à cauda de um cavalo e este corresse tanto, tanto, que a desfizesse em mil pedaços.

O do meio, respondeu: — Por mim, adoptaria processo mais rápido. Pisá-la-ia e rachá-la-ia de meio a meio. Restava a opinião do mais novo. — Não costumo desobedecer às ordens de meu pai, chefe exemplar da nossa família e fiel mantenedor da honra de nós todos, O momento é difícil, mas ante a nossa dignidade própria e a do nosso povo, digo que, se o caso comigo se desse, amarraria a adúltera a uma galga mó de moinho e deitá-la-ia por essa ribanceira, até o seu corpo se perder nas águas do rio.

Esta foi, de facto, a ideia que melhor calou no ânimo de Wamba que imediatamente a mandou executar. Presa com segurança a enorme galga, a adúltera foi despenhada pela ribanceira. E rolando, rolando, afundou-se no Tejo, para mais não ser vista… O povo de Vila Velha diz, ainda hoje, que por onde aquele pestilento corpo passou o mato nunca mais cresceu! Também, ainda hoje, é voz corrente que a adúltera, ao ter conhecimento da sentença, exclamara:

Adeus Ródão, adeus Ródão,

Cercada de muita murta

E terra de muita puta

Não terás mulheres honradas,

Nem cavalos regalados,

Nem padres coroados!

Graças a Deus, regista-se com satisfação, a profecia não se cumpriu.

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LENDA DE SANTA JOANA PRINCESA

A princesa D. Joana, filha do rei Afonso V, revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa. Esta filha primogénita, apesar de ser obrigada a viver na Corte pela sua posição, afastava-se o mais possível de festas e convívios e passava grande parte do seu tempo a rezar e a meditar.

A princesa era, dizia-se, muito bela e teve muitos pretendentes, entre estes muitas cabeças coroadas, mas a todos recusou alegando a sua intenção de se tornar freira. Com a autorização real, entrou D. Joana para Odivelas, mudando-se mais tarde para o Convento de Santa Clara de Coimbra mas acabando por resolver professar no Convento de Jesus, em Aveiro.

Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa. Por outro lado, o povo discordava da vocação da princesa e não queriam ela professasse.

Perante tanta discórdia D. Joana decidiu não professar, mas declarou que usaria o véu de noviça para sempre e insistiu em ingressar no Convento de Jesus, vivendo na humildade e na pobreza e aplicando as rendas que possuía no socorro dos pobres.

A sua caridade era tão grande que depressa ficou conhecida como santa. Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento. Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem.

Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.

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A lenda de Nossa Senhora da Estrela

No século VIII, sem conseguir resistir ao avanço dos muçulmanos na região, os habitantes de Marvão abandonaram as suas terras para procurar refúgio nas montanhas das Astúrias, onde se mantinha viva a resistência cristã.

Antes de partir, trataram de esconder as imagens sagradas. À época da Reconquista, passados mais de quatro séculos, afirma-se numa noite, um pastor guiado por uma estrela, dirigiu-se a um monte onde encontrou, entre as rochas, uma imagem de Nossa Senhora.

Como sinal de devoção, foi erguido nesse local um convento franciscano Convento de Nossa Senhora da Estrela, tendo a Senhora se tornado protetora do castelo.

Com relação a essa devoção em particular, conta-se ainda que, uma noite em que forças castelhanas, conduzidas por dois traidores, se aproximavam sorrateiramente do castelo para o assaltar, ouviu-se na escuridão uma voz feminina que bradava Às armas!.

Enquanto os sentinelas avisavam a guarnição para se pôr a postos, puderam ser vistos os castelhanos em fuga descendo a encosta, assustados.

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A lenda da Santa Cruz

O castelo está ligado à tradição da principal celebração de Monsanto: a Festa da Santa Cruz. Originalmente uma tradição profana ligada ao ciclo da Primavera, foi cristianizada e associada ao lendário cerco do castelo, segundo algumas versões pelas tropas do pretor Lúcio Emílio Paulo em fins do século II a.C., segundo outras a um ataque dos mouros por volta de 1230, ou até posteriormente durante as lutas com Castela.

Em qualquer hipótese, os inimigos sitiantes procuraram vencer pela fome os defensores do castelo. A tradição refere que o cerco se prolongava já por sete longos anos, quando intramuros restavam apenas uma vitela magra e um alqueire de trigo.

Uma das mulheres sugeriu então um estratagema desesperado para iludir o inimigo: alimentaram a vitela com o último trigo, lançando-a com alarde por sobre os muros do castelo, na direção dos sitiantes.

Despedaçando-se contra as rochas, do ventre da vitela espalhou-se o trigo, abundantemente. Com essa manobra, o inimigo entendeu que os defensores ainda se encontravam milagrosamente providos de alimento, protegidos pela providência divina, levantando o cerco e se retirando da região.

O episódio é atribuído a um dia 3 de Maio dia da Santa Cruz, razão pela qual nesta data, anualmente, as mulheres do povoado se vestem com as suas melhores roupas e, ao som de adufes e canções populares, agitando marafonas bonecas coloridas com armação em cruz, algumas com potes caiados de branco, decorados e cheios de flores à cabeça, partem da povoação em direção ao castelo.

No interior do castelo, do alto das muralhas, os potes brancos, simbolizando a vitela, são lançados em direção ao exterior, revivendo simbolicamente o episódio da salvação da vila.

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LENDA DA SANTA ENGRACIA

Simão Pires, um cristão novo, cavalgava todos os dias até ao convento de Santa Clara para se encontrar às escondidas com Violante. A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do seu pai fidalgo que não estava de acordo com o seu amor.

Um dia, Simão pediu à sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento.

Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local. Apesar de invocar a sua inocência foi preso e condenado à morte na fogueira que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado.

Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem. Os anos passaram e a freira Violante foi um dia chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença. Revelou-lhe que tinha sido ele o ladrão das relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha incriminado Simão.

Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu. Entretanto, um facto singular acontecia: as obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim.

De tal forma que o povo se habitou a comparar tudo aquilo que não mais acaba às obras de Santa Engrácia.

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A lenda de Egas Moniz

Durante o cerco de Afonso VII a Guimarães, então sede política do condado, o Imperador teria exigido exige um juramento de vassalagem a seu primo Afonso Henriques; Egas Moniz dirigiu-se ao imperador, comunicando-lhe que o primo aceitava a submissão.

Contudo, depois de deslocar a sua capital para Coimbra 1131, Afonso Henriques sente-se com força para destruir os laços que o ligavam a Afonso VII; faz-lhe guerra e invade a Galiza.

Como Afonso Henriques não cumpriu o acordado por seu Aio, Egas Moniz, ao saber do sucedido, ter-se-ia deslocou-se a Toledo, a capital imperial, acompanhado da mulher e dos filhos, todos descalços, vestidos de branco e com um baraço ao pescoço.

Apresentando-se assim ao Imperador, deixou-o dispor da sua vida e da dos seus, como penhor pela manutenção do juramento de fidelidade prometida por ele mas não cumprida pelo pupilo.

Diz-se que o imperador, comovido com tanta honra, o perdoou e mandou-o em paz de volta a Portugal. Esta parte da vida de Egas Moniz é recontada por Camões no Canto III dos Lusíadas.

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A lenda de D. Ramiro

O brasão de armas da cidade de Viseu evoca uma antiga lenda segundo a qual aqui teria vivido D. Ramiro II, um rei cristão que, em viagem por outras terras, conheceu a moura Sara, irmã de Alboazar, emir do Castelo de Gaia.

Completamente apaixonado pela beleza da moura, raptou-a para si. Ao ser informado do rapto de sua irmã, Alboazar por sua vez raptou a esposa de D. Ramiro, D. Urraca.

Ferido em seus brios, D. Ramiro recrutou em Viseu alguns bons guerreiros para o secundar na empreitada de penetrar dissimuladamente no castelo de Alboazar, enquanto estes o aguardavam nas vizinhanças.

Desse modo, aguardou um momento em que Alboazar se ausentou à caça, logrando penetrar no castelo, onde encontrou Dona Urraca. Esta, ciente da traição do marido, não só se recusou a acompanhá-lo como, decidida a vingar-se do marido infiel, tendo Alboazar regressado da caça, denunciou-o ao seu raptor.

Assim capturado, D. Ramiro foi sentenciado à morte. No dia e hora aprazados para a execução, o condenado pediu, como último desejo, para tocar a sua buzina.

Era este o sinal combinado com os seus homens para atacarem o castelo. Ao completar o sexto toque, os homens de Viseu cercaram o castelo, incendiando-o e matando Alboazar.

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Lenda da Bezerra de Monsanto

Diz a lenda que, há muito tempo atrás, as tropas romanas cercaram Monsanto durante sete terríveis anos. Sem se renderem, os seus habitantes tinham sofrido muito e visto morrer muitos dos seus. Ao velho chefe da aldeia, apenas lhe restava uma filha.

Os seus irmãos tinham sido todos mortos pelo inimigo. Queria que a sua filha fugisse e se pusesse a salvo com o seu rebanho, mas esta recusava heroicamente. Perante a coragem da filha, o pai pediu-lhe para sacrificar o seu último rebanho e reparti-lo com os habitantes, uma vez que os alimentos escasseavam.

Talvez assim conseguissem aguentar mais uma semana. Essa semana passou e os soldados romanos aperceberam-se da trágica situação dos sitiados. Exigiram novamente a sua rendição.

Vendo o desespero do velho chefe, a filha pediu-lhe que não esmorecesse, pois ela ainda tinha guardado uma bezerra gorda que serviria para os salvar a todos. Contou os seus planos ao pai, que os pôs logo em prática: chegou ao cimo das muralhas e, com uma segurança que a todos surpreendeu, gritou aos romanos que não se renderiam porque ainda tinham muita comida.

Como prova disso, atirou-lhes a bezerra. Na tarde desse mesmo dia voltou a ouvir-se, de repente, a voz do cônsul Emílio, vinda lá de baixo, da planície. Mas já sem a arrogância habitual. Como que despeitada e aborrecida.

Guardai as vossas outras bezerras, que nós um dia as viremos buscar… Agora, chamam-nos de Roma e já perdemos aqui demasiado tempo. Mas nós voltaremos! Quase correndo, tropeçando aqui e além, louco de alegria, mal podendo acreditar no que seus ouvidos escutavam, o velho chefe voltou a subir ao mais alto do monte.

E a gritar, numa renovação das próprias energias:  Pois voltai, voltai, que nos encontrareis à vossa espera! E haverá sempre uma bezerra a mais para vos oferecer! Risadas fortes emolduraram as suas palavras. Porém, desta vez, não eram os soldados que riam: eram os sitiados, que rodeavam a jovem filha do velho chefe, dando largas à sua alegria e aos seus brados de vitória final!

E assim, enganados pelo estratagema, julgando que os sitiados possuíam bastantes alimentos, os soldados romanos se retiraram. Ainda hoje se comemora esta tradição em Monsanto  proclamada em 1938 a aldeia mais portuguesa de Portugal No dia da festa Festas da Divina Santa Cruz, os monsantinos, ao som de adufes e cantares, lançam das muralhas do velho castelo lindos cântaros enfeitados, que simbolizam a bezerra do cerco de Monsanto…

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