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LENDAS DE PORTUGAL

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Lenda de Maria Fidalga

A lenda de Maria Fidalga faz parte da tradição oral portuguesa, ligada ao Monte d'Assaia, no Concelho de Barcelos. A sua história ter-se-ia passado entre o Souto e Fonte Velha, na encosta deste monte, nos séculos XVI ou XVII.

Segundo a lenda, certo fidalgo de Arcos de Valdevez andava intrigado com o desaparecimento do anel de sua mulher, e já lhe nasciam suspeitas sobre a sua fidelidade.

Como a fama de Maria Fidalga lá chegara, vem então o fidalgo, acompanhado de um criado preto, em demanda do Monte d'Assaia para deslindar o caso.

Chegado ao Herbatune, é recebido pela bruxa e informado de que só poderia regressar na manhã seguinte, uma vez que ela apenas à meia-noite receberia, do próprio Diabo, a informação desejada. O fidalgo sujeita-se e a bruxa prepara-lhe dormida e aguarda a meia-noite.

Tem então lugar o oráculo. O Diabo informa-a de que o anel está no bucho do «ruço», o porco do fidalgo, mas proíbe-a de lho revelar; a ele, confirmar-lhe-ia as suspeitas sobre a infidelidade da esposa.

Por artes do próprio Diabo, porém, o criado negro, para quem o agasalho contra o frio da noite fora apenas a proximidade da lareira, por uma fresta do tabuado da cozinha, presenciou a entrevista.

Na manhã seguinte, a bruxa comunicou ao fidalgo a tramóia engendrada pelo Diabo. O fidalgo partiu a galope para vingar a afronta. O negro, por sua vez, lançou-se no seu encalço para o prevenir do logro e salvar a ama; depois de muito esforço, conseguiu transmitir-lhe o que escutara.

Furibundo, sentenciou o fidalgo: — Mato o porco, mas mato-te a ti com ela se não encontrar o anel. O negro confirmou o que ouvira.

Chegados a Valdevez, esventram o porco e aparece o anel. Então o fidalgo regressa ao Assaia. Uma vez aqui, prende Maria Fidalga ao rabo do cavalo e arrasta-a até à morte pelas lajes da encosta. O Diabo traíra a sua aliada.

A

Lenda de Nossa Senhora da Enxara

De acordo com a tradição da vila alentejana de Campo Maior, a lenda de Nossa Senhora da Enxara tem origem num brinco de ouro oferecida a uma criança, por uma senhora.

A menina estaria a brincar, enquanto a sua mãe estava a lavar roupa no rio. Quando a menina se afastou da sua mãe, terá encontrado uma senhora, muito bonita, que lhe ofereceu um brinco.

Quando voltou para junto da mãe, mostrou-lhe o brinco, e ambas foram ao local onde a filha disse ter encontrado a senhora. Quando lá chegaram, viram a imagem de Nossa Senhora numa pedra redonda. Esta pedra está, actualmente, na capela de Nossa Senhora.

A notícia do achado chegou rapidamente aos ouvidos da população, que acorreu ao local da imagem. Esta foi trazida para a vila, e decidiram erguer uma capela, a meio caminho entre o local do achado e a vila, na margem direita do rio.

No entanto, todas as manhãs a imagem desaparecia, surgindo no local original. Deste modo, a apopulação decidiu que aquele deveria ser o local para a nova capela.

Habitualmente, na Páscoa, a população desloca-se para o local, designado por Enxara, perto da Aldeia de Ouguela, para festejar a época Santa.

Normalmente as pessoas vão para a Enxara na sexta–feira Santa e acampam lá dois ou três dias, regressando apenas na Segunda-Feira. A Festa consiste numa missa e procissão campal, tourada e outros divertimentos.

A

Lenda da Rapariga das Laranjas Açores

A Lenda da Rapariga das Laranjas é uma lenda portuguesa contada predominantemente nos Açores. Lenda Segundo a lenda, a rapariga era uma jovem que vivia perdida na solidão, no temor e nos sonhos.

No seu imaginário, passava os dias à espera de um dia reencontrar o seu querido príncipe encantado, que as adversidades da vida um dia levaram para longe de si. Dada a sua tristeza, os deuses compadeceram-se dela e levaram-na a que fosse consultar um oráculo no sentido de proceder à procura de conselho e ajuda. Levada pelas intenções divinas, ela assim fez.

Durante a sua consulta ao oráculo, a sibila, com a sua sapiência, ternura e simpatia, arrancou-a ao seu marasmo e levo-a para outro lugar, para um sítio mais bonito e luminoso, onde a Menina das Laranjas poderia ser de novo erguida como do nada fosse, com o nascer de uma obra de arte.

Depois de ter saído do marasmo em que se encontrava, a Rapariga das Laranjas percebeu que nenhuma das portas que a assombravam, que a rodeavam e que julgara fechadas para sempre, tinham qualquer fechadura. As portas abriam-se simplesmente à sua aproximação.

Pôs-se a deambular pelos caminhos que se encontravam por detrás das portas, até que ao chegar-se a uma dessas portas encontrou caída no chão uma bela laranja coberta de ouro. Admirada, juntou a laranja para não mais a largar, de tal modo ficou maravilhada com o fruto.

Desse esse dia para a frente, a Rapariga das Laranjas nunca mais parou de procurar o laranjal mencionado pela sibila durante a consulta ao oráculo que lhe revelara existir um esplêndido laranjal, local de onde teria vindo a laranja que encontrara.

A Rapariga das Laranjas deu início a um longo caminho na tentativa de encontrar o laranjal, que era tido por ser o mais sublime e paradisíaco lugar que alguma vez sequer imaginar ou sonhar encontrar.

Quando finalmente o encontrou, sentiu-se livre e segura, da laranja de ouro que sempre conservara na mão imanou uma luz que lhe permitiu ver a presença subtil do seu amado príncipe que há muito se ausentara. Pode de novo e finalmente voltar a acreditar no amor.

Z 

A lenda do rei Ramiro

De acordo com uma antiga lenda, que se afirma remontar ao século X, o rei Ramiro II de Leão apaixonou-se por uma bela moura, irmã do emir Alboazer Alboçadam, cujos domínios se estendiam de Gaia até Santarém.

Apesar de já ser casado, Ramiro imaginou que seria fácil obter da Igreja a anulação do seu casamento dado o laço de parentesco que o unia à sua esposa, D. Aldora. Desse modo, sob influência dessa paixão e pretendendo pedir a sua amada em casamento, Ramiro decidiu firmar a paz com Alboazer, sendo recebido no castelo deste, em Gaia.

Entretanto, Alboazer recusou o pedido terminantemente: jamais daria a mão da irmã em casamento a um cristão e, de todas as formas, ela já havia sido prometida ao rei de Marrocos... Ramiro, vexado, aparentou aceitar a recusa e retirou-se.

Entretanto, com o auxílio de um astrólogo mouro, Amã, a quem pediu que estudasse os astros para estabelecer a data propícia, levou a cabo, em segredo, o rapto da moura.

Alboazer, ao dar falta da irmã, compreendeu o que acontecera e partiu imediatamente em seu encalço, logrando alcançar os raptores a embarcar no cais de Gaia. No combate que então se feriu, a sorte das armas, entretanto, foi favorável aos cristãos, tendo a moura sido levada para o reino de Leão, onde recebeu o batismo quando recebeu o nome de Artiga, que tanto significava "castigada e ensinada" como "dotada de todos os bens".

Alboazer, para se vingar, raptou a seu turno a esposa legítima do rei Ramiro, D. Aldora, juntamente com todo o seu séquito. Quando o rei Ramiro soube do rapto ficou louco de raiva e, juntamente com o seu filho D. Ordonho e alguns vassalos, zarpou de barco para Gaia.

Aí chegados Ramiro disfarçou-se de pedinte e dirigiu-se a uma fonte onde encontrou uma das aias de D. Aldora, e a quem pediu um pouco de água, aproveitando para, dissimuladamente, deitar na bilha da água meio camafeu, do qual a rainha possuía a outra metade. Reconhecendo a jóia, D. Aldora mandou buscar o rei disfarçado de pedinte e, como castigo pela infidelidade dele, entregou-o a Alboazer.

Sentindo-se perdido, o rei Ramiro pediu a Alboazer uma execução pública, esperando, com astúcia, ganhar tempo para poder avisar o seu filho através do toque do seu corno de caça. Ao ouvir o sinal combinado, D. Ordonho acorreu com os seus homens ao castelo e juntos mataram Alboazer e as suas gentes, para além de arrasarem o castelo.

Fazendo levar D. Aldora e as suas aias para o seu barco, o rei Ramiro atou uma mó de pedra ao pescoço da rainha e atirou-a ao mar num local que ficou a ser conhecido por Foz de Âncora.

A lenda conclui informando que Ramiro voltou para Leão onde finalmente se casou com a moura, de quem teve vasta descendência.

A

Lenda de Santa Comba dos Vales

A Lenda de Santa Comba dos Vales é a lenda da pastora Comba que ascende à santidade. Passa-se em um tempo antes da fundação de Portugal, quando este território se encontrava dominado pelos mouros.

Foi escrita pelo poeta e escritor António Ferreira 1528-1569, autor de "A Castro", uma obra inspirada na vida trágica de Inês de Castro. Em 1564 casou em segundas núpcias com D. Maria Leite, natural de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, local onde recolheu as informações para a sua "História de Santa Comba dos Valles".

Comba era uma bela pastorinha que, juntamente com o irmão Leonardo, apascentava os seus rebanhos. Possuidora de tão rara beleza, rapidamente despertou o interesse do Rei Mouro que reinava na região de Lamas, que por ela se apaixonou perdidamente.

No entanto este Rei Mouro era grande, membrudo e feio, com uma orelha de asno e outra de cão, a quem chamavam o Orelhão:

A todos feo, a todos espantoso chamado era de todos Orelhão.

A pobre pastorinha tremia de terror a pensar no Rei Mouro. No seu desespero, a doce Comba implora a Deus a sua ajuda para permanecer pura e casta:

Não sou minha, meu Deus, toda sou Vossa, fazei que para Vós guardar me possa.

O Rei Mouro, perdido de desejo ameaça a pobre pastorinha:

Eu sou teu Rei, tu és minha cativa

Sê tu senhora, que eu serei cativo

Não t`é melhor seres Rainha e viva

Que arderes cruelmente em fogo vivo?

Indiferente às súplicas e ameaças, Comba refugia-se mais na dedicação a Deus. Ferido no seu orgulho, o Rei Mouro persegue a pastora de lança em riste.

Perseguida e encurralada entre lança e um penedo, a pastorinha implora o auxílio dos Céus. Miraculosamente, a fraga abre-se, recolhe a pastorinha e fecha-se numa manifestação do poder Divino:

Ó Maravilha grande! Abriu-se pedra

Obedece à Santa a rocha dura,

Obedeceo à santa e abriu-se a pedra,

E defendeu-a da cruel ventura.

Enraivecido, o Rei Mouro vinga-se no inocente irmão de Comba, estripando-o e lançando-o a um charco. António Ferreira assegura que a ferradura do cavalo com que o Rei Mouro perseguiu a pastorinha, bem como a lança com que matou Leonardo, ficaram marcadas na fraga, e a água em que foi lançado o corpo de Leonardo tornou-se numa fonte milagrosa:

E a fértil chã terra, que ocupava

Aquele monstruoso e cruel pagão

Que outros claros Senhores esperava,

Inda se chama Lamas de Orelhão!

A

Lenda de Santa Iria

Nascida de uma rica família de Nabância, Iria recebeu educação esmerada e professou num mosteiro de monjas beneditinas, o qual era governado pelo seu tio, o Abade Sélio.

Devido à sua beleza e inteligência, Iria cedo congregou a afeição das religiosas e das pessoas da terra, sobretudo dos jovens e dos fidalgos, que disputavam entre si as virtudes de Iria.

Entre estes adolescentes contava-se Britaldo, herdeiro daquele senhorio, que alimentou por Iria doentia paixão. Iria, contudo, recusava as suas investidas amorosas, antes afirmando a sua eterna devoção a Deus.

Dos amores de Britaldo teve conhecimento Remígio, um monge director espiritual de Iria, ao qual também a beleza da donzela também não passara despercebida.

Ardendo de ciúmes, o monge deu a Iria uma tisana que se pretendeu embruxada, e que lhe fez surgir no corpo opulência própria da gravidez.

Por causa disso foi expulsa do convento, recolhendo-se junto do rio para orar. Aí, foi assassinada à traição por um servo de Britaldo ou pelo próprio, a quem tinham chegado os rumores destes eventos.

Atirado ao rio Nabão, o corpo da mártir terá seguido pelo Zêzere e a partir deste terá ficado depositado entre as areias do Tejo, aí permanecendo, incorruptível, através dos tempos.

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LENDA DE SANTO AMARO DA ILHA DAS FLORES

A Lenda de Santo Amaro de Ponta Delgada é uma tradição oral da ilha das Flores, nos Açores. Justifica a localização da ermida de Santo Amaro na Baixa Rasa do Lajedo.

Vários objectos dão à costa nas ilhas açorianas. Aliado à grande dificuldade na importação de materiais, durante séculos este facto gerou um movimento de buscas pelas costas das ilhas.

Eram encontrados os mais variados objectos, provenientes das embarcações naufragadas, a caminho da Europa ou do Continente Americano, e que chegavam trazidas pela Corrente do Golfo.

Segundo a lenda, um dia andavam homens na costa da ilha das Flores à procura de algum objecto que o mar tivesse atirado para a costa quando viram um madeiro na distância.

Quando chegaram junto desse bocado de madeira aperceberam-se que se tratava de uma estatueta de Santo Amaro.

A imagem foi encontrada há mais de trezentos anos junto ao rolo além da Baixa Rasa do Lajedo e dado como certo ser proveniente de alguma caravela ou nau que tivesse naufragado ao lago durante algum temporal. Mas o povo, sempre muito crente nas acções do Divino, acreditou na sua grande maioria tratar-se de um milagre de Santo Amaro e passou a denominar aquela zona do calhau e às terras circundantes por Rolo de Santo Amaro.

A imagem foi trazida para a igreja paroquial onde depois de devidamente limpa foi colocada num altar. No entanto, por mais tentativas que fossem feitas para o manter na igreja, o Santo Amaro fugia da igreja durante a noite e amanhecia todos os dias, estivesse bom ou mau tempo, no lugar onde fora encontrado.

Foi assim que o povo da freguesia e o padre, que deu este acontecimento como sobrenatural, se curvaram perante a vontade do Santo Amaro e então resolveram edificar uma capela no lugar que o santo tanto procurava. Segundo reza ainda a lenda, foi junto dessa ermida e por milagre do Santo Amaro que nasceu uma fonte de água cristalina a abundante que permitiu a produção de barro, ao irrigar abundantemente as terras em redor, que muito contribuiu para a própria edificação da ermida.

Actualmente a população da ilha das Flores celebra anualmente, no primeiro domingo de Setembro, o antigo talento de evasão protagonizado pela estátua de Santo Amaro.

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Lenda da Sereia da Praia

A Lenda da Sereia da Praia é uma tradição oral da ilha de Santa Maria, nos Açores. Refere-se ao modo pelo qual povo recordava a origem do nome aos lugares em que habitava. Índice

A lenda passa-se no tempo do povoamento da ilha, quando os lugares ainda não tinham nome. Numa noite de lua cheia um pescador avistou a boiar calmamente sobre as águas, em direcção à praia, uma mulher de longos cabelos negros e olhos castanhos, que ondulavam como o mar na aragem.

Nua da cintura para cima, o seu corpo era de uma beleza única e esplendorosa, com um rosto de extrema suavidade. O pescador, no areal, ficou deslumbrado com tão rara visão.

Espantado e curioso, aproximou-se para averiguar, e quando já estava muito perto da mulher, que brincava nas águas envoltas em luar, percebeu com algum medo que o pescoço da mulher se encontrava desfigurado pelo que lhes pareciam guelras.

Da cintura para baixo, apresentava a anatomia de um peixe. Uma sereia!, exclamou o homem espantado com a visão. Perdido entre o medo e a aflição de não saber o que fazer, e consciente das histórias que se contavam das sereias que encantavam os homens e que os levavam para nunca mais serem vistos, o pescador julgou ser obra do diabo e começou a esconjurar a aparição.

Mal o fez, a mulher presa no corpo de sereia voltou a ser simplesmente mulher, saindo das águas nua e pura, envolta em luar.

A lenda não informa se os dois foram felizes para sempre, mas está na origem do nome atribuído a esta praia no mapa feito pelo cosmógrafo real Luís Teixeira em 1584, para Filipe II de Espanha, aquando da sua viagem aos Açores nesse ano, que lhe atribuiu o nome de Plaia Hermosa - Praia Formosa.

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Lenda do rei Branco-Pardo e da rainha Branca-Rosa nas Sete Cidades

A Lenda do rei Branco-Pardo e da rainha Branca-Rosa nas Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. É uma das diversas lendas que procura explicar a formação da Caldeira das Sete Cidades no fundo da qual se encontra a bonita Lagoa das Sete Cidades.

Em tempos havia um reino cujo monarca se chamava Branco-Pardo e a rainha Branca-Rosa. Este casal real não tinha filhos, facto que lhes causava grandes desgosto.

Durante uma noite em o rei se encontrava no seu dossel, teve um sonho visionário em que lhe foi dito que lhe seria dada uma filha, sob a condição de tanto ele como a rainha só a verem quando a princesa completasse vinte anos. Como o rei não tinha herdeiros, concordou com o sonho e assim foi.

Algum tempo depois nasceu uma linda princesa que foi separada dos pais e retirada para o local das Sete Cidades, que o pai foi obrigado a mandar construir por ordem do seu sonho.

A princesa partiu logo nas primeiras horas de vida sem ser vista por qualquer um dos pais, levada por uma ama. Longa, de vinte anos, era a espera prevista, e a ansiedade também; a tal ponto que o rei Branco-Pardo, alguns anos depois e não podendo aguentar mais, um dia partiu para as Sete Cidades para ver a sua filha, mesmo contrariando a vontade dos deuses.

Ao chegar junto dos gigantes portões que fechavam a imensa muralha, o rei encontrou-os fechados. Mandou arrombar os portões e, no momento em que os portões finalmente cederam e começaram a tombar, a terra começou a tremer e um tremendo cataclismo vulcânico abateu-se dobre o reino.

No local das Sete Cidades onde a princesa vivia encontra-se actualmente a cratera do enorme vulcão das Sete Cidades, e o seu vale.

No fundo do vale encontram-se duas lagoas: uma de águas verdes, onde se encontram debaixo das águas os sapatinhos da princesa que dão cor às águas; a outra lagoa, de cor azul, esconde sob as suas águas o chapéu azul que a pequena princesa trazia na cabeça.

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Lenda de Rabo de Peixe

Lenda de Rabo de Peixe é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Versa sobre o nome da localidade de Rabo de Peixe.

À época do povoamento das ilhas, foi fundado um novo povoado na costa norte da ilha, numa zona plana junto ao mar.

Os povoadores eram na sua maioria agricultores, que subsistiam cultivando a terra e pescando no mar pouco explorado. Depois de um dia de faina, os homens da localidade sentaram-se à beira-mar a discutir que nome haviam de dar à sua terra.

Já estavam nesta conversa deveras animada há bastante tempo, quando ao olharem para o mar viram próximo de si a luta entre um peixe de grandes proporções e um mais pequeno. Esta luta durou muito tempo, com o pequeno peixe a esquivar -se, a nadar por entre as pedras e a fugir.

No entanto, o peixe grande acabou por o apanhar e comer, só ficando como prova do acontecimento o rabo do pequeno peixe a flutuar à superfície das águas. Em pouco tempo este rabo de peixe deu à costa,e trazido pelas correntes, e encalhou nas pedras de basalto negro do calhau.

Os homens, que tinham ficado em silêncio a observar os acontecimentos, entenderam que o incidente que tinham presenciado era uma mensagem, e então combinaram que a localidade deveria de chamar-se Rabo de Peixe.

A princípio as pessoas acharam o nome estranho, mas em pouco tempo habituaram-se à ideia e ao nome. Até porque Rabo de Peixe era um nome adequado para um local com tantos pescadores.

Com este nome incomum, o lugar é actualmente uma vila da ilha de São Miguel e os seus habitantes, na maioria, continuam a ser pescadores.

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Lenda do Menino do Coro e a Sineira da Sé

A Lenda do Menino do Coro e a Sineira da Sé é uma tradição oral da ilha Terceira, nos Açores. Liga-se à Sé Catedral dos Açores, que remonta ao século XVII.

No tesouro da igreja da Sé em Angra do Heroísmo existe uma exótica imagem de Santo António de Lisboa, em que este se encontra vestido como um menino do coro, representação pouco habitual.

Conta a lenda que um mestre da capela estava muito preocupado pois não conseguia a harmonia entre os seus pupilos e a festa seria para dali a poucos dias. Furioso, ameaçou bater a um aluno se este não começasse a entoar as músicas na forma correcta.

Apavorada, a criança fugiu pela catedral até que, à procura de um lugar para se esconder, se encaminhou para as torres da igreja. Mesmo ali não se sentiu seguro, e à procura de um melhor lugar para se esconder, começou a subir a íngreme escada em caracol que levava aos sinos e aos pináculos das torres.

Quando lá chegou pôs-se à escuta e, provavelmente confundindo o barulho do vento com o barulho de passos, julgou ter ouvido o mestre da capela no seu encalço. Não pensando nas consequências, atirou-se do alto de uma das torres.

A criança foi salva por um vento divino que a sustentou no ar, usando a opa da função do coro como pára-quedas. Levado pelo vento, o menino voou por três ruas até ser depositado no telhado do Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde foi recebido pelas freiras com grande espanto.

Para comemorar esta ação divina e o salvamento do filho, o pai da criança mandou então fazer a mencionada imagem de Santo António vestido de menino de coro, que durante muitos anos esteve exposta antes de dar entrada no tesouro da Sé Catedral dos Açores.

O menino de cantor de coro passou a ser sacerdote na sua vida de adulto.

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Lenda da Lagoa do Negro

A Lenda da Lagoa do Negro é uma tradição da ilha Terceira, nos Açores. Versa sobre a origem do nome da Lagoa do Negro, junto à Gruta do Natal.

A Lenda da Lagoa do Negro, há alguns séculos existia uma família nobre na Terceira que tinha, como era costume na época, escravos negros.

A filha do morgado, habituada a receber as ordens do pai que eram compridas de forma inquestionável por todos, aceitou com naturalidade um casamento imposto por conveniência para a união de terras e aumento do poder.

Era um casamento sem amor mas, por boa educação e honestidade, ela submetia-se ao marido. No entanto, a morgada tinha um amor proibido socialmente inaceitável por um escravo negro, que lhe retribuía o sentimento. Um dia o escravo negro falou com a sua amada e, juntos, chegaram à conclusão que o seu amor era impossível no mundo em que viviam. Só poderiam viver juntos se fugissem.

No entanto, o marido da morgada tinha ordenado a uma das aias da esposa que a seguisse por todo o lado. Tendo ouvido a conversa entre a morgada e o escravo, esta informou o amo, que ordenou aos seus capatazes que prendessem o escravo.

Ao ouvir o ladrar dos cães de caça ao longe, e sabendo que não era dia de caçada, o escravo desconfiou que andavam à sua procura e pôs-se em fuga pelos campos, em direção ao interior da ilha.

Após um dia e uma noite em fuga, caminhando por montes, vales e difíceis veredas, o fugitivo cansado e sentindo os cavalos já próximos, não tinha mais forças para correr ou sequer andar.

Sem ter onde se esconder, resolveu parar e por ali ficar, abandonando-se à sua sorte. Começou a chorar, e as suas lágrimas rapidamente se multiplicaram e fizeram nascer uma linda lagoa à sua frente, aninhada ao lado de uma colina arborizada.

Quando se apercebeu da lagoa, os cavalos já estavam quase sobre ele. Não tendo mais para onde fugir, atirou-se da colina para as águas escuras e serenas da bela lagoa, onde se afogou.

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Batalha de Ourique

A Batalha de Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no actual Baixo Alentejo sul de Portugal em 25 de Julho de 1139 — significativamente, de acordo com a tradição, no dia do provável aniversário D. Afonso Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era precisamente "Matamouros".

Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos. Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, em número bastante maior. Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica, os cristãos venceram.

A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se Rei de Portugal ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha, tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação Rex Portugallensis Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses a partir 1140 — tornando-o rei de facto, sendo o título de jure e a independência de Portugal reconhecido pelo rei de Leão em 1143 mediante o Tratado de Zamora e, posteriormente o reconhecimento formal pela Santa Sé em Maio de 1179, através da bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III.

A primeira referência conhecida ao milagre ligado a esta batalha é do século XIV, depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.

A tradição narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos na figura do Anjo Custódio de Portugal, garantindo-lhe a vitória em combate. Contudo, esse detalhe da narrativa, é semelhante ao da narrativa da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Magêncio a Constantino, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES latim, «Com este sinal vencerás!».

A lenda marcou de tal forma o imaginário português, que o referencia como um milagre e se encontra retratado no brasão de armas da nação de Portugal: cinco escudetes cada qual com cinco besantes, representando as Cinco Chagas de Jesus e o dia do Anjo de Portugal é feriado nacional e os cinco reis mouros vencidos na batalha.

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Lenda das Sete Cidades

A existência da lendária ilha das Sete Cidades, também denominada por Antillia ou Antilia situada algures no Oceano Atlântico a ocidente da Europa, inspirou durante muitos séculos a exploração marítima.

As referências na nomenclatura geográfica à existência da "Insula Septem Civitatum", que significaria Ilha das Sete Tribos ou Ilha dos Sete Povos, mas acabou fixada nas línguas modernas em Ilha das Sete Cidades, cujos nomes são Aira, Antuab, Ansalli, Ansesseli, Ansodi, Ansolli e Con, datam das fontes clássicas latinas,provavelmente incorporando tradições mais antigas dos povos mediterrâneos, nomeadamente dos maiores navegadores da antiguidade europeia, os fenícios. No latim, civitas não significa apenas cidade, mas a colectividade dos cidadãos de determinada comunidade.

O primeiro documento ibérico referente às Sete Cidades é uma crónica em latim da cidade de Porto Cale a moderna cidade do Porto, aparentemente escrita, cerca de 750 AD, por um clérigo cristão. Nessa época, o reino ibérico dos Visigodos já tinha entrado em colapso, sob a pressão da invasão muçulmana iniciada em 711 AD que avançara inexoravelmente até ao norte peninsular.

O arcebispo de Porto-Cale, querendo esquivar-se à dominação muçulmana, deliberou partir para a grande terra das Sete Cidades que os marítimos lhe asseguravam existia no meio do oceano ocidental. No ano de 734, o arcebispo, acompanhado por outros prelados, aos quais se juntaram cinco milhares de fiéis, embarcou-se numa frota de vinte veleiros.

Apesar da crónica narrar que a frota chegou sã e salva ao seu destino, e que muita gente se preparava para a seguir, na verdade o rasto do bom arcebispo, se alguma vez ele existiu, perdeu-se totalmente na noite dos tempos.

Posição geográfica

Apesar da inexistência de contactos comprovados com a ilha das Sete Cidades, a crença na sua existência deu origem a uma das lendas mais divulgadas da Idade Média europeia, existindo múltiplos relatos de registos visuais fortuitos e de expedições organizadas para o seu achamento. Quase todas as cartas e portulanos medievais onde se representava o Mar Oceano, o actual Atlântico, a apresentam, embora com posições e formas variadas.

A par da ilha do Brasil ou da Ilha de Man, a Antília, no contexto da tradição brendaniana, a Ilha das Sete Cidades é uma das referências geográficas mais persistentes da proto-geografia atlântica.

Com o advento da idade dos descobrimentos, os relatos de registos visuais e as tentativas de posse da ilha multiplicam-se. Um dos casos mais consistentes foi a carta apresentada em 1473 ao rei D. Afonso V de Portugal pelo açoriano Fernão Teles.

Do roteiro que então mostrou constava uma longa costa, com várias ilhas, baías e rios, que ele declarava serem parte das Sete Cidades. Embora se acredite que pudesse ser a costa do Norte do Brasil, entre o Maranhão e o Ceará, com o delta do rio Parnaíba, apenas se pode afirmar com certeza que aquele território se situaria na margem ocidental do Atlântico.

Aparentemente o rei não terá acreditado totalmente na descoberta, ou não considerou Fernão Teles suficientemente digno, pelo que da carta de doação concedida não consta referência às Sete Cidades mas apenas a uma grande ilha ocidental que se pretenderia povoar.

Insatisfeito com a carta de doação, Fernão Teles insiste no pedido das Sete Cidades. Consultado o cosmógrafo genovês Paolo del Pozzo Toscanelli 1398-1492, que declarou que a Antília designação dada às ilhas do Mar das Caraíbas e a Ilha das Sete Cidades seriam naquela margem do Atlântico, finalmente em 1476 a carta solicitada foi concedida, mas não se conhece a existência de qualquer expedição subsequente por parte daquele donatário.

Outras expedições

Contudo, entre as expedições melhor documentadas conta-se aquela que o flamengo Ferdinand van Olm conhecido na historiografia açoriana por Fernando de Ulmo ou Fernão Dulmo capitaneou.

Aquele aventureiro flamengo, em tempos residente nos Açores e ali casado com uma filha de Fernão Teles, recebeu em 1486 autorização do rei D. João II de Portugal para achar o paradeiro da ilha onde estaria localizado o reino cristão perdido das Sete Cidades, o mesmo que o seu sogro teria reconhecido anos antes. De parceria com Afonso do Estreito, um madeirense, organizou uma expedição, com co-financiamento real, destinada à conquista das ilhas e terras firmes das Sete Cidades.

Infelizmente Fernão Dulmo não teve melhor sorte que os seus antecessores, mas ainda assim, já em pleno século XVII, organizou-se na Terceira uma expedição para explorar o oceano a noroeste do arquipélago, onde teria sido avistada uma ilha desconhecida.

Nos Açores sobrevive até aos nossos dias a lenda da ilha encantada que apenas pode ser avistada por volta do dia de São João 24 de Junho, sendo naquele período frequente o registo visual de ilhas desconhecidas a pontuar o horizonte insular, na realidade bancos de nevoeiro os temidos nevoeiros do São João que levam ao encerramento dos aeroportos por dias seguidos e nuvens distantes a emergir do horizonte.

Sobre a Ilha das Sete Cidades, parafraseando a observação aposta no mapa-múndi de Johannes Ruysch 1508 sobre a Antília, bem se pode ainda dizer: esta ilha foi descoberta, antigamente, pelos portugueses; agora, quando a procuramos não a encontramos.

Como consolação ficou-nos o nome de um dos maiores vulções do Atlântico, o vulcão das Sete Cidades, na metade ocidental da ilha de São Miguel, Açores, com as suas lagoas e a freguesia das Sete Cidades anichadas no interior da caldeira; o lugar das Sete Cidades na ilha do Pico, Açores; o Parque Nacional de Sete Cidades, no sertão do Piauí, Brasil; e múltiplas lendas e histórias em permanente recriação.

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A lenda de Mareares

Uma tradição local inscreve no terreno da lenda o episódio da conquista do castelo pelos cristãos: Consciente da posição privilegiada do castelo e da cerrada vigilância mantida pelos mouros, D. Paio Peres Correia, despachou alguns batedores portugueses a sondar o terreno e os hábitos das gentes da povoação, a fim de delinear o seu plano de assalto.

Em campo, estes conseguiram aliciar uma moura de rara beleza, Maria Aires, que lhes informou a prática de um antigo costume dos habitantes da região, de se banharem na praia da Amoreira na madrugada do dia 24 de Junho.

De posse desse dado, o D. Paio dispôs os seus homens de modo a que, na noite de 23 para 24 daquele mês, se ocultassem no vale vizinho ao castelo, hoje conhecido como vale de D. Sancho, certamente em homenagem ao soberano à época, Sancho II de Portugal.

Camuflados com a vegetação, aguardaram o movimento dos mouros rumo à praia, na madrugada. Tão logo este se iniciou, os cristãos, ainda a coberto pela escuridão, encetaram a aproximação final para o assalto à povoação e castelo desguarnecidos.

Neste momento, uma menina, neta de uma velha que havia ficado para trás na povoação, percebendo a movimentação incomum fora de portas, correu a avisar a avó que as moitas estavam a andar.

A velha senhora explicava à neta os efeitos da brisa sobre a vegetação quando de surpresa os cristãos irromperam pelas portas, dominando a senhora que ainda intentou dar o alarme, fazendo soar um sino na torre da cisterna. Senhores do terreno, os portugueses deram então o alarme, atraindo os defensores para uma armadilha mortal, no interior do recinto.

Com a povoação conquistada para as armas de Portugal, D. Paio, afirma-se que sensibilizado pelos encantos da bela Maria Aires, poupou-lhe a vida e a honra, fazendo-lhe erguer uma casa em local próximo da povoação que ainda hoje, em sua memória, se chama Mareares.

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