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Lenda do Bispo Genádio e as Sete Cidades
A Lenda do Bispo Genádio e as Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Está relacionada com o mito das Sete Cidades, num ambiente de guerras e feitiços.
Genádio era um rapaz que tivera toda uma juventude de aventuras. Era o filho mimado e rico de um pai poderoso. Um dia descobriu que tinha poderes especiais, particularmente de necromante.
Um dia Genádio fartou-se da vida que levava, e fez-se padre e anacoreta. Assim consagrou toda a sua vida e existência a Deus. Juntando as suas capacidades de necromante à actividade de religioso, rapidamente fez fama que se espalhou e depressa chegou aos ouvidos do Sumo Pontífice, que depois de ouvir os que se contava resolveu fazê-lo bispo.
Graças aos seus dotes, depois de arcebispo rapidamente chegou a bispo, sempre usando as suas capacidades de Necromancia. Numa noite uma criança recém-nascida foi posta na porta da sua igreja da sua diocese. Recolhida pelo bispo, a linda menina foi rodeada de todos os carinhos.
Como não se sabia quem eram os pais, ficou ao cargo do bispo e foi educada como princesa. Foi por estas alturas que as hostes de Mafamede invadiram a Península Ibérica. Vendo-se em perigo, o Bispo Genádio resolveu reunir todos os seus condiscípulos e partir.
Mandou construir uma frota de grandes barcos e partir para o Grande Mar Oceano Ocidental acompanhado pela menina que adoptara e por grande número de cidadãos. Depois de muitos dias a navegar no oceano, chegaram a uma ilha desconhecida e desabitada.
Nessa ilha fundearam os seus barcos e resolvendo-a adoptar como sua fundaram ali uma grande cidade por cada um dos arcebispos que acompanhavam a cúria, no total de Sete Cidades. Depois de muitos anos, a menina de então cresceu para se tornar um bonita moça que começava a chamar à atenção de quem a via.
À medida que se transformava em mulher, sonhava e esperava um dia voltar ao grande e distante continente de onde um dia partira. As suas confidências para com as aias chegaram ao conhecimento do bispo que, cioso e com medo de perder a pureza da jovem, preparou-se para a defender de quem a pudesse pretender.
Não tendo outras armas de que se socorrer, voltou a recorrer das suas antigas práticas de necromancia e magia para ocultar a ilha de quem dela se aproximasse. Mas numa certa manhã ensolarada surgiu uma caravela no horizonte, que rumava à ilha e trazia desenhada no velame a Cruz da Ordem de Cristo.
Furioso, Genádio vociferava pelos corredores do seu palácio, sem entender por que os seus dotes de necromancia estavam a falhar. E quando a caravela já estava perto da terra e quase a acostar, recorreu aos extremos do seu satânico poder.
Repentinamente e sem qualquer aviso, a bela e encantadora ilha transformou-se em um enorme e furioso vulcão que explodiu, destruindo todo em seu redor. Assim ficou apenas na memória dos poucos sobreviventes a lenda das Sete Cidades que tinham sido fundadas por Genádio e pelos seus seguidores.
Lenda da Ilha das Sete Cidades
A Lenda da Ilha das Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Versa sobre a descoberta de uma terra lendária relacionada com o mito das Sete Cidades.
Lenda Reza a lenda que quando os árabes Tárique ibn Ziyad e Musa ibn Nusair vieram do Norte de África para levar a cabo a invasão muçulmana da Península Ibérica, sete bispos cristãos que viviam no norte peninsular, algures pelos arredores de Portucale, tiveram de fugir à horda invasora.
Partiram para o mar em busca da lendária e remota ilha Antília, ou Ilha das Sete Cidades, que segundo uma lenda já antiga nesses tempos, existia algures no Grande Mar Oceano Ocidental. Dessa partida mais ou menos precipitada ficou o registo na linguagem popular, ao ponto de séculos mais tarde, já depois da Reconquista cristã, os reis de Portugal terem manifestado o desejo de alcançar essa ilha perdida no mar.
Dizia-se que para os lados do Oriente ficava o reino do Preste João, e para o Ocidente, no Grande Mar Ocidental ficava a ilha de Antília ou Ilha das Sete Cidades. Do medieval reino de Portugal partiu um dia uma caravela denominada "Nossa Senhora da Penha de França" nome actualmente vulgar em vários locais e em varias ilhas dos Açores com o objectivo de um dia encontrar essa lendária ilha perdida e para muitos encantada.
A caravela navegou para Ocidente durante muito tempo, passou por grandes ondas e peixes gigantes, calmarias e tempestades. E foi depois de uma dessas tempestades, depois do desanuviar dos nevoeiros de São João, que se lhes deparou uma ilha no horizonte.
Rapidamente rumaram para a nova terra avistada e pouco depois aportaram numa terra maravilhosa, coberta de verdes sem fim e de azuis celestiais. A caravela esteve fundeada por três dias, os marinheiros desembarcaram e com eles três frades que procuraram estabelecer relações com o monarca da ilha.
Visitaram palácios, florestas, rios e lagos, e estudaram os costumes dos locais. Escutaram e aprenderam a linguagem dos habitantes, por sinal muito parecida com a que se falava no Portugal de então. No final dos três dias de estadia em terra, os três frades e todos os marinheiros voltaram para a caravela com o objectivo de voltar ao reino de Portugal a contar ao rei a nova descoberta.
No entanto, mal se começaram a afastar da costa a ilha foi repentinamente envolta por brumas, e como que por encanto desapareceu no mar. Depois de narrados os acontecimentos ao rei português, este mandou uma embaixada para estabelecer relações com a nova ilha e não a encontraram.
Foram feitas muitas buscas durante muitos séculos, até que um dia como que por encanto a ilha se deparou novamente às caravelas portuguesas. Estranhamente, encontrava-se desabitada, pelo que foi ocupada pelos portugueses, que deram à caldeira central do seu vulcão mais emblemático o nome da terra lendária de Sete Cidades.
Ainda hoje, por vezes, a caldeira e o seu gigantesco vulcão vivem no mundo das nuvens. Quem chega ao Miradouro da Vista do Rei, num dos rebordos da caldeira, tem uma visão deslumbrante do Vale das Sete Cidades, que por vezes aparece e desaparece nas nuvens e nevoeiros.
É uma região onde as nuvens pairam, entre o céu e a terra. A luz por vezes parece difusa envolta numa névoa de estranho mistério.
Lenda do Senhor Santo Cristo
A Lenda do Senhor Santo Cristo é uma tradição oral da localidade da Água de Pau, na ilha de São Miguel, nos Açores. Liga-se às crenças dos povo açoriano no Divino Espírito Santo.
Há muito tempo, as freiras do Convento da Caloura sentiam-se muito tristes porque o povo da localidade de Água de Pau estava a ficar muito afastado da fé e do temor a Deus.
Estas irmãs passavam muito tempo a rezar com grande fervor e esperavam que, se tivessem uma imagem nova no seu convento, poderiam atrair os paroquianos de volta aos caminhos da fé.
Resolveram escrever uma carta ao papa em Roma, para pedir que lhes fosse oferecida uma imagem nova para o convento, visto que não tinham dinheiro para a comprarem pelos seus próprios meios.
Mas quando receberam a resposta, verificaram que o seu pedido não podia ser atendido. No entanto as irmãs do Convento da Caloura não desesperaram e, apesar das adversidades, continuaram com a fé de que um dia iriam ter uma imagem nova.
Reza a lenda que estes acontecimentos ocorreram numa época em que havia muitos piratas e corsários a percorrer os mares dos Açores. Uma nau que passava ao largo da ilha de São Miguel foi atacada por barcos piratas e muitos dos seus destroços acabaram por dar à costa ao longo de vários dias.
Num destes dias, depois de terem terminado os seus afazeres nos jardins do convento, as freiras encontravam-se a descansar à beira-mar quando viram na água, a flutuar junto às pedras, uma caixa da qual parecia emanar uma luz. Curiosas, desceram para a costa, puxaram o caixote para a praia e quando o abriram viram que continha um lindo busto de Cristo.
A imagem tinha um olhar vivo e uma expressão humilde e serena. De imediato as religiosas acharam que tinham recebido um milagre, porque o Santo Cristo tinha escolhido aportar à ilha de São Miguel, ilha cujo povo tinha fama de ser muito crente. Quando os habitantes de Água de Pau tomaram conhecimento do ocorrido ficaram muitos felizes e a sua fé cresceu.
A fama da imagem rapidamente se espalhou desde a vila a outros locais da ilha, juntamente com a fama dos milagres feitos pelo Santo Cristo. Desde essa época, Santo Cristo passou a ser a esperança e uma forma de apoio para todos os habitantes da ilha de São Miguel. Por muitos anos esta imagem do senhor Santo Cristo foi venerada no Convento da Caloura.
No entanto, devido à proximidade deste com o mar e devido aos constantemente ataques por parte dos piratas, as freiras tiveram que se retirar para Ponta Delgada, para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, para onde levaram a imagem de Santo Cristo, onde ainda hoje se encontra.
Actualmente, séculos depois do que reza esta lenda, a fé no Senhor Santo Cristo não se perdeu, como se verifica todos os anos nas festas e na procissão que se faz em sua honra, no quinto domingo após o domingo de Páscoa de cada ano.
Lenda da fundação da Sertã
A lenda da fundação da Sertã é uma tradição oral que atribui a edificação do Castelo da Sertã a Sertório, um militar romano exilado por motivos políticos, que liderou os povos da Península Ibérica contra os exércitos da República Romana. .
A cerca de 80 a.C., Quinto Sertório chegou à Península Ibérica e aliou-se aos lusitanos, tornando-se num líder de carisma comparável a Viriato assassinado a 139 a.C.. Segundo a lenda, nas lutas ocorridas pela conquista da Lusitânia houve um ataque romano ao castelo, no qual pereceu o seu chefe.
Ao saber da notícia, e apercebendo-se que o inimigo chegava às muralhas, a sua esposa Antonina subiu às ameias com uma enorme sertã ou sertage um tipo de frigideira quadrada, cheia de azeite a ferver, na qual fritava ovos, lançando o azeite fervente sobre os soldados que se dispersaram.
Obteve, desse modo, tempo para que chegassem reforços dos lugares mais próximos. Teria sido assim que o nome Sertã foi dado ao lugar. Uma lenda derivada desta é a do Soldado do Fogo Azul.
Diz a lenda que dentre os soldados romanos que lutavam pela conquista da Lusitânia havia um que foi vítima de um incêndio, Em meio ao fogo, suplicando por ajuda, foi interpelado por um soldado inimigo, que perguntou se aquele se arrependia de lutar contra o povo lusitano, Como não respondeu nada, depois de sete minutos o soldado acabou morrendo queimado, e as chamas sobre seu corpo eram azuladas.
Conta-se na tradição oral que sempre que alguém segura uma vela acesa diante de um espelho e silenciosamente olha para o espelho através da parte central mais azulada da chama, acaba invocando o espírito do soldado romano, e depois de sete minutos ou a vela se apagará de repente, evidenciando que o espírito foi embora em paz, ou a chama aumentará de intensidade, quando a pessoa sentirá tremores e calafrios, demonstrando que o espírito do soldado está furioso.
Lenda da Lagoa das Furnas
A Lenda da Lagoa das Furnas é uma tradição da ilha de São Miguel, nos Açores. Trata-se de uma tentativa popular para explicar as formações geológicas deixadas nas ilhas pelos vulcões que lhe deram origem e forma.
Segundo a lenda, há muitos anos no local onde actualmente está localizada a Lagoa das Furnas, existia uma bonita aldeia onde as pessoas viviam felizes, faziam muitas festas e viviam quase sem trabalhar. Numa bela manhã de céu e sol claro, como era costume fazer na aldeia, um rapaz saiu de casa para ir a uma fonte próxima buscar água para as lides domésticas e para dar de beber aos seus animais.
Mas a água que costumava ser sempre de agradável paladar estava estranhamente salgada, parecia água do mar e o rapaz teve uma premonição que ia acontecer alguma coisa estranha na sua aldeia e com os seus conterrâneos.
Correu para casa dos seus vizinhos para contar o que lhe acontecera, o que vira e o que pensara sobre o caso. Ninguém acreditou nas apreensões do rapaz, e alguns dias depois ele teve de voltar à fonte para ir buscar mais água. No lago em frente à nascente, para onde corria a bica da água, os peixes saltavam na água e desta para terra, onde acabavam por morrer.
Definitivamente convencido de algo ia acontecer à sua aldeia, correu para junto da população, mas novamente ninguém acreditou nele, a não ser o seu avô. O idoso disse às pessoas da aldeia que parassem com os bailes e com as festas; que um dos mais ligeiros habitantes da aldeia fosse a correr até ao pico mais alto em redor para ver o mar e olhar para o norte, para tentar ver se havia alguma ilha no horizonte, alguma terra à vista a norte. Como ninguém o levou a sério, só o idoso e o seu neto subiram ao monte mais alto.
Quando lá chegaram, via-se no horizonte terra nova, uma ilha despontava pelo meio da bruma. Aflito, o idoso gritou para os aldeões que fugissem para a igreja, vinha aí grande desgraça, no horizonte encontrava-se a ilha encantada das Sete Cidades.
Novamente ninguém ligou, nem ao idoso nem ao seu neto. Possivelmente nem o ouviram de tão alta era a música. Desceram ambos o monte, e depois de passarem pela igreja foram tratar dos animais e da vida imediata. Passou um, dois dias e nada acontecia.
O rapaz e o avô resolveram sair da aldeia para levarem os animais ao mercado da aldeia vizinha e por lá se demoraram alguns dias a negociar. Quando voltavam à sua aldeia, à medida que se foram aproximando foram-se apercebendo que as coisas estavam diferentes. Havia terra revoltada e montanhas novas.
Ao chegar ao lugar onde devia estar a sua aldeia, esta tinha desaparecido e no seu lugar encontrava-se uma grande lagoa de águas cristalinas e tranquilas.
Fora um cataclismo que soterrara para sempre a aldeia. As pessoas da ilha de São Miguel, reza a lenda, acreditam que os aldeões continuam a viver debaixo das águas da lagoa, e que as borbulhas de gás vulcânico que se vê a sair da água são as pessoas a cozinhar lá no fundo.
Dizem que os fumos, tipo fogo-fátuo que por vezes se elevam das águas junto com um cheiro a pão de milho cozido, são as mulheres a aquecer o forno escondidas nos fundos e nas reentrâncias da bela lagoa.
Lenda das Varas do Espírito Santo
A Lenda das Varas do Espírito Santo é uma tradição oral da ilha de São Jorge, nos Açores. Versa sobre as crenças do povo nas forças divinas, em que vêem Deus como protector e dominador das forças da natureza, mas que por súplica dos povos pode alterar as suas vontades e as manifestações da natureza.
Há muitos séculos, a população da ilha tinha caído num grande desleixo para com o seu semelhante: havia desavenças por todo e qualquer motivo e todo o tipo de abusos.
Nas igrejas os padres pregavam pedindo penitência e humildade e anunciavam castigos de Deus. Mas o povo não se emendava, continuava com os seus abusos e desavenças, maltratando-se uns aos outros. No dia 1 de Maio de 1808 começaram a sentir-se grandes tremores de terra por toda a ilha, aconteceram grandes terramotos. Toda a ilha era abalada com violência. No cimo da serra central da ilha deu-se então uma grande erupção.
Cinzas vulcânicas e lavas desceram das serras, aterrorizando as populações que nas partes baixas da ilha viam as lavas incandescentes a vir na sua direcção. O castigo para os pecados tinha chegado, gritavam os padres nos altares e as pessoas de boa alma nas ruas.
Segundo reza a lenda, a erupção aconteceu próximo da localidade de Santo António, nas imediações do Pico da Esperança. Foram atiradas pedras incandescentes até grandes alturas e a lava correu vulcão abaixo numa ribeira lenta, muito quente e caudalosa, em direcção ao mar.
Nas aldeias muitas pessoas choravam e rezavam, impotentes, perante a violência da natureza. Outras desorientadas, corriam de um lado para o outro numa tentativa vã de encontrar abrigo. Foi então que um padre franciscano, dotado pela população do epíteto de "o Malagueta", e que tinha o cargo de guardião do convento e dos demais padres seculares, teve a ideia de todos, cheios de fé saírem numa procissão fazendo preces a Deus para que parasse a erupção.
Com eles levavam coroa do Espírito Santo de um dos Impérios da Vila das Velas e iam dentro de um quadro formado por varas do Espírito Santo. Seguiram pelas ruas da localidade de Santo António, cujas casas se encontravam no caminho do rio de lava.
Aproximaram-se o mais possível da lava que corria lenta e pastosa, e nesse local atiraram as varas do Espírito Santo para o chão, de forma a que formassem um traçado, um caminho que queriam que a lava tomasse, que a levasse ao mar.
Fizeram-no com tanta fé que pouco depois o rio de lava começou a mudar a sua trajectória, encaminhando-se para o mar, seguindo assim o caminho traçado pelas varas do Espírito Santo. A população ainda chorosa e atónita, estarrecida de medo e admiração, começou a agradecer ao Divino Espírito Santo.
Fizeram-Lhe muitas promessas por os ter protegido da lava. Foi então assim, reza a lenda, que se começaram a fazer outros impérios e a distribuir muitas esmolas aos mais pobres por ocasião das festas do Espírito Santo.
Lenda de um Baleeiro da Ilha do Pico
A Lenda de um Baleeiro da Ilha do Pico é uma tradição da ilha do Pico, nos Açores. A lenda alude à coragem do baleeiro e aos perigos que se corria para ganhar o pão nosso de cada dia.
história passou-se há muito tempo, numa manhã ensolarada na localidade de São João do Pico, logo depois do raiar da aurora. O sol levantava-se para os lados das Lajes do Pico e a cor verde dos vinhedos e dos milheirais destacava-se por entre o negro das pedras queimadas dos vulcões.
Os homens dirigiam-se para as suas terras para a jorna do dia, para sachar o milho, bater tremoço, apanhar batatas ou cuidar das das uvas. Nas suas cozinhas, as mulheres preparavam o almoço que naqueles tempos era quase sempre composto por sopas de bolo, papas de milho ou batata com peixe.
Subitamente soou alarme de baleia à vista. Algures numa das vigias de baleia estrategicamente colocadas ao longo da costa foram disparados foguetes. Os homens largaram o que faziam. Os sachos caíram para o chão, os alviões ficaram enfiados na terra nos locais onde estavam.
As burras de milho foram abandonadas com as canas por amarrar. Os animais foram presos a um galho de árvore próximo e os homens correram para os cais. As mulheres em casa prepararam uma merenda apressada e também elas correram para o cais a levar ao comida aos maridos numa saca de retalhos de pano antes de eles partirem para o mar.
Os primeiros a chegar arriaram os botes baleeiros, pondo-os na água, e partiram assim que tinham a tripulação completa. No cais, as mulheres ficaram a chorar sem saber se na luta entre o homem e o grande animal alguém morreria, como frequentemente acontecia. Depois de algumas milhas de navegação à vela com o vento a favor, avistaram a baleia ali próxima.
Era uma grande baleia adulta, um espermacete com mais de cem barris de óleo segundo os cálculos, o que seria uma fortuna. Logo se gerou com grande rebuliço nos botes, uma baleia daquele porte não se via todos os dias.
Representava não só a comida ganha para muitos dias, mas também um prazer para os homens que estavam habituados ao mar e à batalha desta pesca. As velas foram arreadas e os homens começaram a remar para se aproximarem da baleia, que resfolgava, soltava esguichos de respingos no ar, mergulhava para voltar a aparecer metros mais á frente.
No bote que primeiro se conseguiu pôr em posição, o arpoador curvara-se para a frente, fixara o olhar na baleia e acertara o arpão. Ferida, a baleia acelerou o seu nadar, afastando-se do bote e levando no dorso o arpão amarrado a uma corda forte, que se ia desenrolando de uma selha no fundo do bote.
A corda não teve comprimento suficiente e foi amarrada a uma segunda corda, numa segunda selha, até que não havia mais cordas. O trancador pegou na parte da corda que ainda estava na celha e antes que ela acabasse, amarrou-a à sua cintura.
Assim, foi arrancado do bote e levado pelo mar, puxado pela baleia que nadava para o desconhecido, sem que alguém tivesse tempo de intervir. Podendo contar apenas com velas e remos para navegar, os botes não tinham velocidade para perseguir o animal, mas deram inicio a uma busca provavelmente fútil. Ao chegar da noite tiveram que rumar para terra, abandonando o trancador.
A família deste vestiu-se de luto e as mulheres choraram e carpiram de dor durante toda noite. Quando a manhã do dia seguinte nasceu, saíram novamente botes para o mar numa procura por muitos considerada vã, mas que era necessário, mais que não fosse se não por descargo de consciência.
Era uma tentativa de encontrar o corpo do trancador para lhe ser dado um enterro digno. Depois de muitas milhas de afastamento da costa, avistaram na linha do horizonte, que no mar é sempre baixo, uma mancha negra, e estranhando o fenómeno rumaram para lá.
Ao chegarem encontraram uma grande baleia já morta a flutuar e em cima dela, de pé, o trancador, encostado ao cabo do arpão. Perfeitamente bem, disse: "Agora é que vocês chegam? Tenho estado aqui toda a noite à espera!". Fumava um grosso cigarro, embrulhado em casca de milho, como se estivesse sentado a uma mesa.
Reza a lenda que ele nunca disse o que se passou nem onde foi buscar o cigarro de folha de milho nem o lume com que o acendeu.
A lenda de São Longuinho de Braga
A Estátua de São Longuinho localiza-se no Santuário do Bom Jesus do Monte, na freguesia de Tenões, na cidade e concelho de Braga, distrito de mesmo nome, em Portugal. Segundo a crença, São Longuinho foi um dos soldados presentes na crucificação de Jesus Cristo, que depois se converteu. Na tradição popular, o santo é venerado por auxiliar na busca por objetos perdidos.
Há uma curiosa tradição em Braga, pela festa de São João, envolvendo a estátua de São Longuinho e o Santuário do Bom Jesus do Monte. Nesta época, algumas raparigas namoradeiras andam à volta da estátua de granito, proferindo orações, com objetivo de apressar o seu casamento.
De acordo com uma antiga lenda local, um lavrador muito rico, de nome Longuinhos vivia nos arredores da cidade, perto do Bom Jesus. Solteiro e recatado, era estimado por todos na comunidade. As raparigas solteiras não lhe eram indiferentes, uma vez que entreviam nele um excelente partido, embora nenhuma o impressionasse particularmente.
Certo dia, Longuinhos apaixonou-se por uma rapariga chamada Rosinha, e entendeu que era o momento de partilhar a sua fortuna. Para esse fim, informou-se quem era o pai dela, e procurou-o. Identificou-se e comunicou-lhe as suas intenções, pedindo a mão dela em casamento.
O pai dela, entretanto, mostrou-se um negociador difícil, e apenas cedeu quando Longuinhos lhe prometeu uma pensão. Pedro, era esse o nome do pai de Rosinha, chamou-a e comunicou-lhe que Longuinhos pedira a mão dela em casamento e que ele, como pai, a dera.
A rapariga ficou lívida, pois amava outro rapaz, de nome Artur, e diante do altar do Bom Jesus, havia lhe prometido casamento. O velho pai, com medo de perder o negócio que fizera, armou tal espalhafato que, a filha, apavorada, acabou por dizer-lhe que casava com Longuinhos. Saiu a tremer de ao pé do pai e recolheu-se ao seu quarto, onde, chorosa, começou a orar, apelando a São João.
Eis que, de súbito, ouve uma voz dentro de si que lhe dizia que tivesse calma, que tudo se arranjaria. A voz era a de São João, que dali foi ter com Longuinhos, que também se encontrava em meditação. Dirigindo-se ao lavrador, São João argumentou que, se Longuinhos era tão seu amigo, não seria capaz de estragar a felicidade dos dois jovens que tanto se amavam.
Reparou ainda a Longuinhos a desastrosa maneira de falar com o pai de Rosinha, tentando-o com dinheiro. Longuinhos então caiu em si e compreendeu que, se a rapariga amava outro, e era correspondida, ele não tinha o direito de destruir a felicidade de ambos.
Assim o disse ao santo, que ficou muito contente, e acrescentou: "- Se me consentes, São João, eu próprio serei o padrinho desse casamento! Sei que precisam de um bom começo de vida e eu me encarregarei disso. Quanto ao meu amor, cá o entreterei até que se desvaneça!" O santo correu então a avisar a rapariga, para que preparasse a boda com Artur, pois arranjara-lhe um bom padrinho. O velho Pedro foi quem ficou a perder, mas lá se consolou como pôde.
Lenda do cavaleiro que roubou o estandarte
Esta é a famosa lenda de um cavaleiro português que foi à Espanha buscar a bandeira Portuguesa que tinha sido roubada. Conta a lenda que esta história enquadra-se no tempo do rei D. Fernando, na crise política de 1383-1385, altura em que se travaram grandes lutas entre portugueses e espanhóis, pela sucessão da coroa de Portugal.
O Alcaide-mor de Elvas era Gil Fernandes, irmão de D. Nuno Álvares Pereira. Diz a lenda que a filha do alcaide conhecera um cavaleiro pelo qual se apaixonou perdidamente. Naquele tempo não era permitido que a filha dum alcaide se casasse com algum mancebo que não pertencesse à realeza.
Como o cavaleiro e a donzela se amavam muito, o Alcaide decidiu, impor uma dura tarefa ao cavaleiro, para que este não a conseguisse concretizar. Então o alcaide mandou chamar à sua presença o cavaleiro, dizendo-lhe que se ele consegui-se ir a Badajoz recuperar o estandarte português que tinha sido roubado, e lho trouxesse, lhe concedia a mão da sua filha.
O cavaleiro ouvindo isto, não exitou e começou a alimentar o seu cavalo muito bem ,vários dias a favas para que no dia combinado nada pudesse falhar e assim conseguir ordem para poder realizar os seus maiores desejos que era casar com a filha do alcaide,a pessoa que ele mais amava. Quando chegou o dia da festa de Badajoz, o cavaleiro partiu cavalgando vários dias e noites sem parar.
Quando chegou a Badajoz, realizava-se a Procissão do Corpo de Deus, e ele aproximando-se arrancou o estandarte das mãos do espanhol, que era portador da bandeira, e com o estandarte na mão regressou a Elvas cavalgando sem parar. Ao chegar a Elvas dirigiu-se para o castelo.
Mas para sua maior surpresa os portões do Castelo tinham sido todos fechados por ordem do Alcaide, porque do castelo se avistavam já as tropas Espanholas. O cavaleiro não sabendo o que se passava cavalgou todas as muralhas em volta do castelo procurando uma entrada aberta para entrar e assim escapar com vida mas não conseguiu. Desesperado fugiu da perseguição dos espanhóis, mas o seu cavalo de tão cansado que estava não resistiu acabando por morrer.
O Cavaleiro desesperado, por não poder entrar no Castelo, resolveu não deixar a sua missão por cumprir e tal como tinha prometido entregar o estandarte ao alcaide do castelo lançou o estandarte por cima da muralha, e ao mesmo tempo que foi ferido e capturado pelos espanhóis, então gritou: Morra o homem mas deixe a sua fama. Estando ferido gravemente, por todo o seu corpo ter sido atravessado com espadas e lanças, as tropas espanholas levaram-no para Badajoz, onde acabou por morrer num caldeirão com azeite a ferver.
Posteriormente os espanhóis quando realizavam a festa, e na frente da procissão do Corpo de Deus, em Badajoz, usavam uma caldeira, como símbolo enquanto que em Elvas os portugueses mostravam a bandeira tomada pelo cavaleiro na festa da cidade. Ainda hoje se discute a origem do brasão da cidade de Elvas, há uma corrente que diz que tem a ver com o cavaleiro, enquanto outros estudiosos referem-se a D. Sancho II o conquistador de Elvas aos mouros em 1226 e à qual concedeu foral em 1229.
O cavaleiro anónimo do brasão será para muitas gerações o fiel cavaleiro que foi recuperar o estandarte português a Espanha e que acabou por ser traído pelo pai da pessoa que ele mais amava na vida.
Lenda da Fajã de São João
A Lenda da Fajã de São João é uma tradição da ilha de São Jorge, nos Açores. Versa sobre as vivências do homem em uma terra difícil e vulcânica, e os locais afirmam ser baseada em fatos reais.
A lenda reporta-se a um acontecimento ocorrido no ano de 1757 na Fajã de São João. Nessa fajã da costa da ilha de São Jorge vivia uma mulher pobre e humilde juntamente com a sua filha.
Essa mulher era já bastante idosa e, devido à sua simplicidade, era com frequência alvo da troça dos vizinhos. Nessa altura vivam-se tempos de dificuldade e o pão de milho era a base de alimentação das populações. O pão era cozido em todas as casas, quase sempre aos sábados de manhã.
À tarde limpava-se e enfeitava-se a casa com flores nascidas nos pequenos jardins das moradias, até que tudo ficasse pronto para o domingo, dia de descanso. A velhinha e a sua filha estavam a pôr o lume ao forno para o aquecer, e a amassar a massa do pão, quando bateram à porta.
Como não era costume receber visitas e tinha as mãos enfarinhadas, respondeu de onde estava que abrissem. A velha porta de madeira gasta rodou sobre as dobradiças de ferro e na ombreira apareceu ema formosa senhora vestida de branco que a idosa não conhecia. No entanto, disse com boa educação: "Entrai, vinde para junto do meu lar, gosto de dar a todos do pouco que Deus me deu'.
A senhora vestida de um branco imaculado deu apenas um passo casa dentro e respondeu á idosa: "Não me posso demorar, ide dizer a toda a gente da fajã que fuja deste lugar e vá para a serra antes de chagar a noite. Um caso estranho vai dar-se em breve".
Assim a idosa deixou o seu trabalho e foi de porta em porta, chamando as pessoas e dizendo a todos que fugissem de suas casas e da fajã, porque ia dar-se um acontecimento terrível. A população troçou dela, ninguém acreditando na profecia.
Mas a idosa pôs-se imediatamente a caminho da serra, acompanhada apenas pela filha. Durante toda a longa caminhada a subir pelas estreitas veredas das arribas, a velhota que acreditara na Senhora de Branco pensava que as pessoas, por serem incrédulas, tinham ficado em perigo na Fajã de São João.
Foi então que por volta da meia-noite a terra começou a tremer, o mar uivava ao longe com um som sinistro, bramia de encontro aos rochedos. Teve início um grande terramoto, as encostas das montanhas e das altas falésias desabavam.
Rochas enormes rolavam para a fajã, indo umas para ao mar, outras sobre as casas e os seus moradores, destruindo os terrenos cultivados na sua passagem veloz. Ao longe ouvia-se os gritos das pessoas que se misturava com o bramir da terra, com o barulho das rochas e o vibrar do mar.
Quando o Sol raiou pela manhã e começou a iluminar as cercanias da Fajã de São João, a velha encontrou uma enorme destruição. Assistiu ainda aos últimos gritos das pessoas que aos poucos se foram transformando em murmúrios até se extinguirem por completo.
Daí para a frente os poucos sobreviventes passaram a dizer que a velhinha tinha feito uma profecia porque tinha falado com a Virgem Santa Maria e que, por ter tido fé, se tinha salvo e à filha.
Lenda da princesa e do pastor no reino das Sete Cidades
A Lenda da princesa e do pastor no reino das Sete Cidades é uma tradição oral da ilha de São Miguel, nos Açores. Versa sobre a origem das lagoas da caldeira do vulcão das Sete Cidades que, apesar de unidas, têm duas cores diferentes, sendo uma verde e outra azul.
Esta lenda faz parte do complexo lendário das Sete Cidades, um reino antigo e mítico, perdido algures no grande mar oceano acidental.
Os reis desta terra encantada tinham uma linda filha que não gostava de se sentir presa entre as muralhas do castelo e saía todos os dias para os campos.
Adorava o verde e as flores, o canto dos pássaros, o mar no horizonte. Passeava-se pelas aldeias, pelos montes e pelos vales. Durante um dos seus passeios pelos campos conheceu um pastor, filho de gente simples do campo que vinha do trabalho com os seus rebanhos.
Conversaram quase toda uma tarde das coisas da vida, e viram que gostavam das mesmas coisas. Dessa conversa demorada veio a nascer o amor e passaram a encontrar-se todos os dias, jurando amores eternos. No entanto a princesa já com o destino traçado pelos seus pais, tinha o casamento marcado com um príncipe de um reino vizinho.
E quando o seu pai soube desses encontros com o pastor, tratou de os proibir, concedendo-lhe no entanto um encontro derradeiro para a despedida. Quando os dois apaixonados se encontraram pela última vez, choraram tanto que junto aos seus pés aos poucos foram crescendo duas lagoas.
Uma das lagoas, com águas de cor azul, nasceu das lágrimas derramadas pelos olhos também azuis da princesa. A outras, de cor verde, nasceu das lágrimas derramadas dos olhos também verdes do pastor.
Para o futuro ficou, reza a lenda, que se os dois apaixonados não puderam viver juntos para sempre, pelo menos as lagoas nascidas das suas lágrimas ficaram juntas para sempre, jamais se separando.
Os Doze de Inglaterra
Os Doze de Inglaterra é o nome atribuído a uma história semi-lendária/semi-factual que é contada por Fernão Veloso e Luís Vaz de Camões, no canto VI do Lusíadas, que terá acontecido no reinado de D. João I de Portugal e de Ricardo II de Inglaterra, que demonstra uma história típica da conduta da Honra e comportamento de acordo com o ideal cavaleiresco da Idade Média.
É uma história cavalheiresca passada na Europa medieval, que conta que doze damas inglesas foram ofendidas por doze nobres, também ingleses que alegavam que elas não eram dignas do nome “damas” visto as vidas que levavam e desafiavam quem quer que fosse para as defender com a força da espada.
As damas em questão viram-se na necessidade de pedir ajuda a amigos e parentes, tendo todos eles recusado a ajuda. Já não sabendo mais o que fazer decidiram pedir ajuda e conselho ao Duque de Lencastre, João de Gante, que tinha combatido contra os castelhanos e os leoneses, para obter o Reino de Castela e Leão para si, com a ajuda de D. João I de Portugal, e por isso conhecia bem os portugueses.
Assim, como não encontrasse nenhum campeão que lutasse pelas damas na Inglaterra, este indicou-lhes doze cavaleiros lusitanos capazes de lhes defender a honra feminina.
Os nomes desses cavaleiros - na verdade treze, em número - são conhecidos, e são, todos, personagens historicamente atestados, saber: Álvaro Gonçalves Coutinho, dito o Grão Magriço o Grande Magriço ou simplesmente o Magriço; D. Álvaro Vaz de Almada depois Cavaleiro da Ordem da Jarreteira e 1.º Conde de Avranches; João Fernandes Pacheco, irmão legítimo do seguinte filho de Diogo Lopes Pacheco, 9.º Senhor de Ferreira de Aves, um dos assassinos de D. Inês de Castro; Lopo Fernandes Pacheco, irmão natural legitimado do anterior filho de Diogo Lopes Pacheco, 9.º Senhor de Ferreira de Aves, um dos assassinos de D. Inês de Castro e cunhado marido da irmã do Magriço; Álvaro Mendes Cerveira, irmão do seguinte, proveniente do Prazo da Pena; Rui Mendes Cerveira, irmão do anterior, proveniente do Prazo da Pena; João Pereira da Cunha Agostim, primo-sobrinho-neto dos Pacheco meio-sobrinho materno de D. Nuno Álvares Pereira; Soeiro da Costa; Luís Gonçalves Malafaia; Martim Lopes de Azevedo; Pedro Homem da Costa; D. Rui Gomes da Silva, 1.º Alcaide Mor de Campo Maior e Ouguela; Vasco Anes da Costa, dito Corte Real. Logo que tiveram conhecimento do possível apoio, cada uma das damas escreveu a cada um dos doze cavaleiros portugueses e até ao rei D. João I de Portugal.
Junto com as cartas chegou também o pedido do Duque de Lencastre. Mediante o escrito nas cartas toda a corte se sentiu ofendida, e visto que o povo português era um povo cavalheiro e defensor da honra, logo se deu a partida dos Doze para Inglaterra.
Onze dos Cavaleiros terão seguido por mar, entre eles D. Álvaro Vaz de Almada. Mas um deles, querendo demonstrar mais valentia que de todos, Álvaro Gonçalves Coutinho, conhecido como "O Magriço", decidiu seguir no seu cavalo por terra para "conhecer terras e águas estranhas, várias gentes e leis e várias manhas", garantindo no entanto que estaria presente no local e na data certa.
Acontece que, quando chegou o dia do torneio "o Magriço" não estava presente para desespero dos seus companheiros que se viam reduzidos a onze cavaleiros contra os doze cavaleiros de Inglaterra. As damas estavam já vestidas de preto, visto que toda uma hora se estava a perder.
Mas no último momento e para alegria dos seus companheiros "o Magriço" apareceu e o combate foi travado com glória para os portugueses que ganharam o confronto. Depois de terminadas as contendas foram recebidos pelo duque de Lencastre no seu palácio que lhes ofereceu muitas festas e horas como prova de apreço e gratidão.
A base histórica para tal narrativa está, possivelmente, no fato de diversos dentre esses cavaleiros terem, na juventude, peregrinado como cavaleiros andantes pela Europa, lutando em diversos conflitos nomeadamente, alguns ao lado de D. Pedro, Duque de Coimbra, o das "sete partidas", e depois com seu filho mais velho e homónimo.