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Lenda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres da ilha do Corvo
A Lenda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres é uma tradição da ilha do Corvo, nos Açores. Liga-se às crenças dos povos cristãos, não só insulares, onde o desconhecido era enfrentado com medo e por isso era solicitada a intervenção do divino.
No século XVI, num dia de mar manso, andavam homens a bater a costa à procura de restos de madeira trazidos pelas ondas do mar, para queimar como lenha. Por entre as madeiras que tinham dado à costa viram um pequeno caixote a flutuar na linha da maré.
Era um caixote muito bem feito, de madeira clara, já gasta pelo tempo no mar. Estranhando o objeto, trouxeram-no para fora da água e abriram-no com cuidado. Dentro estava uma pequena imagem de uma Nossa Senhora a que só mais tarde os corvinos vieram a chamar dos Milagres.
A notícia do achado correu pela ilha e em pouco tempo as pessoas juntaram-se no local para ver a santinha. Alguém reparou que a imagem tinha uma inscrição: "No lugar onde eu sair, façam-me uma ermida". Imediatamente ficou decidido construir uma ermida localizada no Alto da Rocha para a Nossa Senhora.
Com o passar do tempo, a notícia de que uma imagem da Senhora dos Milagres tinha dado à costa na ilha do Corvo espalhou-se pelas restantes ilhas dos Açores e rapidamente chegou a Lisboa, onde ordenaram que uma nau fosse buscar a imagem para a capital do reino de Portugal.
Apesar de revoltados com o acontecimento, os locais não puderam impedir a partida da imagem, que foi levada para um templo em Lisboa, onde ficou em lugar de destaque num altar dourado. Pouco tempo depois, coisas estranhas começaram a acontecer.
Todas as manhãs a imagem aparecia com o manto molhado, como se estivesse estado metida em água. Começou a dizer-se que a água era salgada e que a Nossa Senhora andava pelo mar: a imagem saía do seu altar de talha dourada todas as noites e atravessava o mar para ir para a sua ilha do Corvo, onde gostava de estar, e voltava pela manhã à igreja onde a tinham colocado.
Só a partir destes acontecimentos e quando a noticia chegou ao Corvo e a imagem também é que os corvinos passaram a chamar a esta imagem de Nossa Senhora dos Milagres. Preocupados com o acontecimento inexplicável, os padres da igreja onde a imagem se encontrava decidiram envia-la de volta ao Corvo.
Quando a imagem de Nossa Senhora dos Milagres voltou à ilha, foi recebida com grande alegria pela população que voltou a coloca-la na sua ermida sobre a rocha, sobranceira ao Porto da Casa, local onde tinha aparecido e queria ter a sua morada. Dali, acredita-se, passou a proteger os corvinos e a fazer muitos milagres.
Lenda da Lagoa do Ginjal
A Lenda da Lagoa do Ginjal é uma tradição da ilha Terceira, nos Açores. Tem como cenário a Lagoa do Ginjal no interior da ilha, e como personagem Pérola Rego, uma menina terceirense, herdeira de imensa fortuna no século XV.
Naquela época, na freguesia dos Altares, vivia Pérola Rego, menina muito rica, herdeira de imensa fortuna. Descendente das famílias Rego e Baldaya pela linha paterna, e da família Pamplona pela linha feminina. Pérola Rego era bela, com cabelos louros escuros, brilhantes e fartos.
Os seus olhos eram castanhos da cor do cetim. A sua pele rosada, era muito fina. Estes atributos, aliados a uma grande candura e bondade de espírito e coração levaram a que um elevado número de rapazes se enamorassem dela. Uma bela manhã ensolarada, Pérola desceu o eirado do solar de seu pai e foi ver a sua imagem reflectida nas águas da cisterna da casa.
Uma fada que vivia nas imediações queria defender Pérola dos pretendentes, visto que estes não a amavam e apenas queriam o seu dinheiro. Escondida dentro da cisterna à espera da rapariga, fez um encanto e tomou poder sobre a imagem da menina que se reflectia nas águas paradas da cisterna.
Depois começou a engendrar uma forma de a surpreender durante o sono e levá-la para um local seguro no seu castelo encantado, longe do olhar dos homens. O palácio encontrava-se no interior da ilha, perto do Pico do Vime; tinha lindos jardins e magníficos bosques de árvores típicas das florestas exóticas da Macaronésia.
Tinha lindos Azevinhos, Sanguinhos, altos Cedros, belas árvores de Pau-Branco e gigantescos e antiquíssimos Dragoeiros. Era rodeado pelos dourados campos de trigo que se enfeitavam de vermelhas papoilas. No centro destes campos encontrava-se o grandioso castelo feito de brancas pedras de mármore, brilhante marfim, prata e ouro.
À meia-noite do dia de São João, quando as estrelas brilham com suavidade e a lua é rainha nos céus, a bela Pérola foi levada durante o sono envolta nas asas brancas da fada. Pela manhã a notícia do seu desaparecimento espalhou-se, deixando os pais em pânico, o solar em alvoroço e os seus enamorados em ansiedade.
Em grupo, os pretendentes recorreram a uma velha feiticeira que vivia no cimo de uma serra e lhes revelou a existência do palácio encantado. Alguns pretendentes quiseram atacar o castelo, deitando abaixo as muralhas pela força das armas.
Outros mais cuidadosos consultaram também uma velha benzedeira que morava na freguesia dos Biscoitos. Esta disse que tinham de levar alaúdes e, à maneira dos antigos trovadores, irem cantando versos mágicos e executando marchas de magia que ela lhe ensinaria. Assim veriam ao longe o castelo encantado, visto que uma coisa encantada só se desencanta com outro encanto.
A benzedeira ainda os avisou que iriam encontrar uma inscrição sobre um enorme rochedo: se estivesse gravada a prata, conteria nas suas palavras o modo de atrair Pérola; mas se a tivesse sido gravada a fogo, os seus poderes não tinham força para vencer e nenhum deles merecia o amor da jovem.
Os pretendentes partiram de madrugada, mal o sol raiou. Pelos caminhos iam cantando os versos ensinados pela velha benzedeira dos Biscoitos. Ao fim de muitas horas de caminhada foi ouvido um grito de alegria. Ao longe via-se recortado na paisagem o palácio da fada, lindo, brilhando à luz do sol nascente.
Apressando o passo, percorreram o longo caminho até ao castelo. Desceram encostas, percorreram vales e subiram serras e colinas. Ao chegarem ao local onde devia estar o castelo, este tinha desaparecido na bruma. No seu lugar encontrava-se uma bela, serena e plácida lagoa de águas claras.
Numa das margens, uma mensagem gravada a fogo numa pedra dizia: "Aqui, neste espaçoso lago, escondeu-se o palácio da linda Pérola, a donzela de cabelos loiros". Desiludidos, pensaram que Pérola estava perdida para sempre.
Mas a mãe desta, cristã piedosa, logo na manhã em que a fada lhe levara a filha fora-se ajoelhar diante de uma imagem de São Roque e pedir a sua intervenção. No fim de uma das suas muitas preces, ouviu uma voz ao ouvido que lhe segredou: "Vai tranquila, a tua filha está ao anjo da guarda".
No dia de São Pedro à hora do por sol, Pérola apareceu no terraço do solar de seu pai, acompanhada por um Arcanjo. Vinham num batel de marfim puxado por um cisne de uma brancura imaculada.
Anos mais tarde apareceu o verdadeiro amor de pérola, um cavaleiro na demanda do Santo Graal, vestido com uma armadura refulgente. Séculos depois de esta lenda ter tido início, ainda existe o lago encantado onde se escondeu o castelo da fada - a Lagoa do Ginjal.
Lenda de Machim
A lenda de Machim é uma tradição popular narrativa – essencialmente oral, embora com alguns registos escritos ao longo dos tempos – sobre a suposta descoberta da ilha da Madeira por Roberto Machim e o papel deste na origem do nome da localidade de Machico.
A lenda Segundo alguns registos, a ilha da Madeira teve como primeiros habitantes e descobridores um jovem inglês de nome Roberto Machim, alguns dos seus correligionários, e a sua amada, Ana de Arfet. A Epanáfora Amorosa de Francisco Manuel de Melo relata este episódio.
Também é referido no Elucidário Madeirense, embora, pela sua natureza vasta, os autores tenham-se baseado em outras fontes. Segundo a lenda, entre o final do século XIV e o início do século XV existiu em Inglaterra um jovem chamado Roberto Machim. Estava enamorado de uma dama inglesa, Ana de Arfert ou Ana de Harfert, que correspondia ao seu amor, mas por vontade dos seus familiares, esta deveria casar com um nobre.
Machim combinou com alguns dos seus amigos em resgatar a noiva antes do casamento e levá-la de barco para França, então em guerra contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos. A data da fuga foi combinada com a jovem para as vésperas do dia do casamento.
Fugindo para longe da costa inglesa, os amantes foram quase de imediato assolados por uma tempestade que os fez perder o rumo pretendido. Sofrendo agruras devido à tempestade, e não tendo a bordo um piloto experiente que os voltasse a colocar no rumo, andaram à deriva durante dias até que viram ao longe uma "grande mancha verde".
Apesar do medo perante o desconhecido, o desespero levou-os a aproximarem-se. Viram-se então em frente à ilha que mais tarde se designaria por ilha da Madeira. Por a dama encontrar-se doente após tanto tempo no mar, desembarcaram na enseada que é hoje a baía de Machico.
O seu desespero por terra firme era tal que saíram sem tomarem as devidas providências quanto à ancoragem do barco. Após explorarem aquele pequeno bocado da ilha e de terem saciado a sua sede, aperceberam-se que nova tempestade se avizinhava.
Procuraram refúgio por entre as raízes de uma frondosa árvore que lá se encontrava - o diâmetro da circunferência do tronco desta era tal que na sua base havia uma concavidade que conseguia albergar muita gente sem que houvesse falta de espaço.
Após amainar a tempestade aperceberam-se que o mar tinha-lhes levado o barco. A dama desesperada, cujo estado de saúde estava já debilitado, viria a falecer passados poucos dias. Machim ergueu uma enorme cruz em madeira junto à sepultura da sua amada perto da frondosa árvore onde haviam encontrado abrigo, e foi afectado por uma melancolia tal que, em menos de uma semana juntou-se à sua amada na morte.
Todos os restantes membros da expedição que lá ficaram, tentando sobreviver. Alguns sucumbiram, outros resistiram até à passagem de um barco de mouros que os resgatou - não que sem antes tivessem gravado na cruz uma breve história dos dois amados e os levou para o Norte de África, para serem vendidos como escravos.
Um destes teria sido resgatado por um dos pagamentos pela libertação de cativos que os cristãos faziam com os negociantes africanos. Sobreviveu assim alguém que contou a saga de Machim, tendo chegado rumores dessa descoberta aos portugueses.
A lenda refere que os "primeiros" descobridores portugueses, quando aí chegaram alguns anos depois, conseguiram descobrir a cruz de madeira e a inscrição. Ergueram a primeira capela da ilha na concavidade da árvore, atribuindo assim o nome de Machico em honra dessa inscrição.
A origem destes relatos é duvidosa, pois não há relatos escritos do achado da cruz pelos descobridores portugueses e, segundo consta, baseia-se em registos desse sobrevivente que ficaram nos arquivos marítimos ingleses. A divulgação desta história coincidiu com um período difícil da história portuguesa, a restauração da independência em 1640, época em que houve grandes concessões da coroa portuguesa. Por altura do casamento de Catarina de Bragança, filha de D. João IV, com Carlos II de Inglaterra, houve uma dádiva de algumas possessões ultramarinas no dote da princesa.
Consta que a segurança da aliança com a Inglaterra, face à ameaça da poderosa Espanha, foi tão valorizada que a rainha portuguesa D. Luísa de Gusmão sondou os negociadores do tratado sobre a eventualidade de acrescentar igualmente a ilha da Madeira no dote da sua filha - acabando por tal não acontecer. Mas tanto a lenda como esta última eventualidade são meras especulações e tradição popular, requerindo fundamentação.
Lenda da Nazaré
Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir.
O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora com o Menino.
Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. De imediato, miraculosamente, o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.
D. Fuas desmontou e desceu à gruta para rezar e agradecer o milagre. De seguida mandou os seus companheiros chamar pedreiros para construírem uma capela sobre a gruta, em memória do milagre, a Ermida da Memória, para aí ser exposta à veneração dos fiéis a milagrosa imagem.
Antes de entaipar a gruta os pedreiros desfizeram o altar ali existente e entre as pedras, inesperadamente, encontraram um cofre em marfim contendo algumas relíquias e um pergaminho, no qual se identificavam as relíquias como sendo de São Brás e São Bartolomeu e se relatava a história da pequena imagem esculpida em madeira, policromada, representando a Santíssima Virgem Maria sentada num banco baixo a amamentar o Menino Jesus.
Segundo o pergaminho, a imagem terá sido venerada desde os primeiros tempos do Cristianismo em Nazaré, na Galileia, terra natal da Virgem Maria. No século quinto, o monge grego Ciríaco transportou-a até ao mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida.
Ali permaneceu, até 711, ano da batalha de Guadalete, após a qual desbaratadas pelos muçulmanos, as forças cristãs fugiram desordenadamente para norte. Quando a notícia da derrota chegou a Mérida, os monges de Cauliniana prepararam-se para abandonar o mosteiro.
Entretanto D. Rodrigo, o rei cristão derrotado, conseguira escapar do campo de batalha e disfarçado de mendigo refugiara-se incógnito em Cauliniana. Porém ao confessar-se a um dos monges, frei Romano, teve de dizer quem era.
O monge propôs-lhe então, fugirem juntos para o litoral atlântico e levarem consigo a muito antiga imagem de Nossa Senhora da Nazaré, que se venerava no mosteiro com fama de muito miraculosa. A 22 de Novembro de 711 chegaram ao seu destino e instalaram-se no monte Seano, hoje Monte de São Bartolomeu, numa igreja abandonada que lá encontraram.
A existência de um mosteiro nas imediações, do qual subsiste a igreja de São Gião, deve ter sido um factor determinante para a escolha deste destino final da fuga. Passado pouco tempo separaram-se para viver como eremitas. O rei ficou, o monge levou consigo a imagem e instalou-se, a três quilómetros do monte, numa pequena gruta no topo de uma falésia sobre o mar.
O rei Rodrigo passado um ano decidiu abandonar a região. Frei Romano continuou a viver no eremitério subterrâneo até à sua morte. A sagrada imagem de Nossa Senhora da Nazaré continuou sobre o altar onde o monge a colocou até 1182 quando foi mudada para a capela que D. Fuas mandou construir sobre a gruta.
A imagem permanece pois, desde 711-712, no mesmo sítio, o Sítio da Nazaré. Em 1377, o rei D. Fernando 1367-1383, devido à significativa afluência de peregrinos, mandou construir, perto da capela, uma igreja para a qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora da Nazaré, decorrendo esta denominação, do seu lugar de origem, a aldeia de Nazaré na Galileia.
A popularidade desta devoção na época dos Descobrimentos era tamanha entre as gentes do mar, que tanto Vasco da Gama, antes e depois da sua primeira viagem à Índia, quanto Pedro Álvares Cabral, vieram em peregrinação ao Sítio da Nazaré.
Entre os muitos peregrinos da família Real destacamos, a rainha D. Leonor de Áustria, terceira mulher do rei D. Manuel I, irmã do imperador Carlos V, futura rainha de França, que permaneceu no Sítio alguns dias, em 1519, num alojamento de madeira construído especialmente para esta ocasião.
Também S. Francisco Xavier, padre jesuíta, o Apóstolo do Oriente, veio em peregrinação à Nazaré antes de partir para Goa. Foram aliás os Jesuítas portugueses os grandes propagadores deste culto em todos os continentes.
Nos séculos dezassete e dezoito ocorreu a grande divulgação do culto de Nossa Senhora da Nazaré em Portugal e no Império Português. Ainda hoje se veneram algumas réplicas da verdadeira imagem e existem várias igrejas e capelas dedicadas a esta invocação espalhadas pelo Mundo.
É de destacar a imagem de Nossa Senhora da Nazaré que se venera em Belém do Pará, no Brasil, cuja festa anual recebeu o nome de Círio de Nazaré e é uma das maiores romarias do mundo atingindo os dois milhões de peregrinos em um só dia.
No século dezasseis, o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré fundado por D. Fernando, começou a ser reconstruído e aumentado, tendo as obras sido prolongadas por várias empreitadas até finais do século dezanove. O edifício actual é o resultado destas obras sucessivas que lhe conferiram um carácter peculiar com grande qualidade.
A sagrada imagem, de madeira policromada, com pouco mais de um palmo de altura, representa Maria de Nazaré sentada num banco a amamentar o menino Jesus sentado na sua perna esquerda. Está exposta na capela-mor num nicho iluminado integrado no retábulo barroco, ao qual os devotos podem aceder subindo uma escada que parte da sacristia.
Segundo a tradição oral inscrita numa lápide colocada na capela da memória, em 1623, a imagem terá sido esculpida por São José carpinteiro, em Nazaré, na Galileia, quando Jesus era bébé. Algumas décadas depois São Lucas evangelista terá pintado os rostos e as mãos.
Conservou-se em Nazaré até ser trazida para Belém pelo monge grego Ciríaco que a entregou a São Jerónimo de Estridão, que a ofereceu a Santo Agostinho, que por sua vez a ofereceu ao mosteiro de Cauliniana, de onde foi trazida para o seu Sítio actual.
Assim sendo poderá ser a mais antiga imagem venerada por cristãos. Até hoje, a tradição aponta aos visitantes a marca deixada pela ferradura de uma das mãos do cavalo de D. Fuas, no extremo do Bico do Milagre, ao lado da Capela da Memória, no Sítio da Nazaré.
Iconografia
As representações do Milagre da Senhora da Nazaré a D. Fuas Roupinho são inúmeras, sendo de destacar, a gravura anónima no livro de Brito Alão 1628, a tela no arcaz da sacristia do santuário assinada por Luís de Almeida, a diversificada colecção de gravuras do Museu Dr. Joaquim Manso, no Sítio, a escultura da igreja de São Domingos, em Lisboa, o vitral na capela da Quinta da Regaleira, em Sintra, o mural de Almada Negreiros na gare marítima de Alcântara, em Lisboa, e os muitos painéis de azulejos nas fachadas das casas da vila da Nazaré e da região.
Na gravura do livro acima referido, aparece o cavaleiro no Bico do Milagre, sem a representação da Virgem. Na tela da sacristia, mais tardia algumas décadas, a imagem aparece pintada no interior de uma pequena gruta.
A partir de finais do século dezassete, a cena do milagre passa a ser sistematicamente apresentada como uma aparição mariana, na qual a Senhora da Nazaré "levita" acima e à frente do cavaleiro, no momento em que este, na ponta do penedo, está prestes a precipitar-se no abismo.
Foi este modelo errado que perseverou até hoje, destacando-se pelo seu carácter excepcional a aguarela de Mário Botas, no Museu do Sítio, na qual se vê a Senhora duplamente representada , a "levitar" e na gruta.
A lenda do milagre das rosas
A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem dúvida a do milagre das rosas. Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos.
Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: São rosas, Senhor!. Desconfiado, D. Dinis inquirido: Rosas, em Janeiro?. D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele havia rosas, ao invés dos pães que ocultara.
A época exacta do aparecimento desta lenda na tradição portuguesa não está determinada. Não consta de uma biografia anónima sobre a rainha escrita no século XIV, mas circularia oralmente pelo país nas últimas décadas desse século.
O mais antigo registo conhecido é um retábulo quatrocentista conservado no Museu Nacional de Arte da Catalunha. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal levava uma vez a Rainha santa moedas no regaço para dar aos pobres.
Encontrando-a el-Rei lhe perguntou o que levava, ela disse, levo aqui rosas. E rosas viu el-Rei não sendo tempo delas. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal — Crónica dos Frades Menores, Frei Marcos de Lisboa, 1562 O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores.
Em meados do século XVI a lenda já tinha sido amplamente difundida, e foi ilustrada por uma pintura anónima, conhecida por Rainha Santa Isabel, no Museu Machado de Castro de Coimbra, e por uma iluminura da Genealogia dos Reis de Portugal de Simão Bening sobre desenho de António de Holanda.
No século XVII surgem mais dois trabalhos anónimos retratando a rainha, a pintura a óleo no átrio do Instituto de Odivelas e o retábulo do Mosteiro do Lorvão. Note-se que da sua tia materna, Santa Isabel da Hungria, e assim como da Santa Cacilda e da Santa Zita, se conta uma lenda muito idêntica à do Milagre das Rosas.
Também reza-se a história nos Açores que pela sua bondade ao alimentar os pobres se criou as tradicionais Festas de Espírito Santo que ocorre nas ilhas dos Açores entre Maio e Setembro de cada ano.
Bibliografia
A primeira biografia de Isabel de Aragão foi escrita logo após a sua morte, por alguém próximo à rainha, talvez o seu confessor Frei Salvado Martins, bispo de Lamego, ou uma das aias de Santa Clara.
É geralmente conhecida por Lenda ou Relação, mas apesar de o original se ter perdido, o Museu Machado de Castro conserva uma cópia quinhentista, manuscrita e iluminada, com o título: Livro que fala da boa vida que fez a Rainha de Portugal, Dona Isabel, e seus bons feitos e milagres em sua vida, e depois da morte.
Esta obra, de natureza hagiográfica, serviu de base às biografias e crónicas posteriores, incluindo a Crónica de 1419 e as Crónicas de D. Dinis e de D. Afonso IV, de Rui de Pina. Foi publicada no século XVII por Frei Francisco Brandão, na parte VI da Monarquia Lusitana.
Lenda da Moura Salúquia
A lenda da Moura Salúquia está ligada à designação actual da cidade de Moura. Segundo a lenda, a princesa Salúquia, filha de Abu-Hassan e governadora da cidade, apaixonou-se por Bráfama, alcaide mouro de Aroche.
Na véspera do matrimónio, Bráfama dirigiu-se com uma comitiva para Al-Manijah, a dez léguas de distância.
Mas todo o território alentejano a norte e oeste tinha já sido conquistado pelos cristãos e a jornada revelava-se perigosa. Pedro Rodrigues, de conquistar a cidade de Moura.
Estando ao corrente dos preparativos matrimoniais que aí se desenrolavam, os irmãos emboscaram-se num olival perto dos limites da povoação. Surpreendidos pela ação dos cavaleiros cristãos, a comitiva de Aroche foi facilmente derrotada Entretanto, D. Afonso Henriques encarregara dois fidalgos, os irmãos Álvaro Rodrigues e lmente vencida, e Bráfama foi morto.
Disfarçando-se com as vestes dos representantes muçulmanos, os fidalgos cristãos dirigiram-se para a cidade. Salúquia estava no alto da torre do castelo, onde aguardava a chegada do seu noivo. Vendo aproximar-se um grupo de cavaleiros aparentemente islâmicos, a princesa julgou que se tratava da comitiva de Aroche, ao que ordenou que lhes franqueassem as portas da fortificação.
Mas mal transpuseram a muralha, os cristãos lançaram-se sobre os defensores da cidade, tomados de surpresa, e conquistaram o castelo. Salúquia apercebeu-se então do erro que tinha cometido e, ferida pela certeza da morte de Bráfama, tomou as chaves da cidade e precipitou-se da torre onde se encontrava.
Comovidos pela história de amor que os sobreviventes islâmicos lhes contaram, os irmãos Rodrigues teriam renomeado a cidade para Terra da Moura Salúquia. O tempo encarregar-se-ia de transformar esta designação para Terra da Moura, até que evoluíu para a actual forma de Moura.
A uma torre de taipa do Castelo de Moura ainda hoje se chama a Torre de Salúquia, e a um olival nas proximidades de Moura, aquele onde supostamente teriam sido emboscados Bráfama e a sua comitiva, o povo chama Bráfama de Aroche. Nas armas da cidade figura, uma moura morta no chão, com uma torre em segundo plano, numa alusão à lenda da Moura Salúquia.
LENDA DO PEZINHO DE NOSSA SENHORA
A Lenda do Pezinho de Nossa Senhora é uma tradição oral da ilha Terceira, nos Açores. Liga-se à fé e à religiosidade do povo açoriano.
Nos dias do início do povoamento nos princípios do século XV, várias pessoas passavam junto de um curso de água denominado Ribeira das Sete, quando avistaram a Virgem Nossa Senhora a pairar sobre a água, dizendo: "Estai atentos.
Aqui próximo, no mar, há-de aparecer uma imagem minha". Ao dizer isto, Nossa Senhora colocou um pé na rocha basáltica de um dos lados da ribeira, desaparecendo em seguida e deixando a pegada marcada.
Quando o acontecimento foi divulgado pela localidade e seus arredores, as populações ficaram alvoraçadas. Muitas, apesar de cépticas, iam espreitar o mar para ver se avistavam alguma coisa.
Ficaram então muito admiradas quando, passados alguns dias, deu à costa um caixote feito em madeira. Tinha vindo levado pelo mar, ficando depositado num poço de maré. Ao ser aberto, foi encontrada uma imagem, como havia sido predito: a de Nossa Senhora da Ajuda, esculpida em pedra.
A imagem foi levada para a igreja paroquial, onde a população pensou lhe dedicar um altar. Mas no dia seguinte à sua entrada na igreja, a imagem tinha desaparecido.
A imagem acabaria por ser encontrada no local da Lapinha, onde tinha sido encontrada, junto de uma pequena furna cavada na rocha. Quando soube do ocorrido, uma aldeã da localidade disse que nessa noite tinha visto passar o que lhe pareceu uma senhora em trânsito da igreja para o local da Lapinha, transportada por anjos.
Depois de este fenómeno acontecer repetidamente, a população já sabia onde encontrar a imagem. Um dia, o padre e alguns homens da localidade resolveram levar mais uma vez a imagem para a igreja. Mas quando foram pegar nela, ficou repentinamente tão pesada que não foi possível deslocá-la.
Foi assim que o povo percebeu finalmente que a Virgem queira ali ficar, próxima do mar. O povo edificou-lhe então a Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, onde colocaram a imagem. A esta ermida acorrem todos os anos muitos fiéis, vindo em peregrinação e para solicitar os milagres da virgem.
Lenda da Ponta Furada
A Lenda da Ponta Furada é uma tradição oral da ilha de São Jorge, nos Açores. Versa sobre as formações geológicas vulcânicas que conmstituem as ilhas açorianas.
Há muito tempo atrás, São José vivia ao norte da ilha de São Jorge. Um dia, com o menino Jesus ainda pequeno e a Virgem Maria ele meteu-se num batel a remos e vieram navegando junto à costa e às grandes falésias da costa norte, algumas com mais de 600 metros de altitude.
Era um dia de sol e de mar manso e a viagem estava a correr bem. No entanto São José, prudente e conhecedor da costa norte, sabia que esta tinha muitas correntes e perigos escondidos, e por isso procurava sempre estar o mais ao abrigo da terra que lhes era possível.
Depois de muitas horas a navegar, São José estava cansado de remar e chegaram junto ao local denominado Pedra do Garajau, onde se lhes deparou uma enorme formação de terra, descendo desde as altas serras para entrar pelo mar e mergulhar nas profundezas dos oceano.
Com pressa de chegar à localidade do Toledo para descansar, São José não pretendia remar ao redor de tão grande formação. Confiando no poder Divino, levantou a mão, estendeu o dedo indicador e com ele tocou mais ao menos no centro da grande formação geológica.
Como se em vez de uma maciça rocha de basalto, esta fosse feita de massa de pão de milho, logo o centro rochoso cedeu e deu origem a um buraco de grandes dimensões e ao nível da água, por onde São José a sua família passaram no seu barco a remos.
Chegando ao Toledo antes do fim do dia de Verão, a Sagrada Família gostou tanto da paisagem, do ar fresco da montanha, dos campos floridos com belos bardos de hortênsias, que resolveu fixar a sua residência para sempre no local. Rapidamente a população se afeiçoou à Sagrada Família e construíram uma ermida para a sua residência, tendo assim nascido a Ermida de São José do Toledo, sendo São José feito padroeiro do curato.
A formação geológica desta história encontra-se na divisório das localidades do Toledo e de Santo António e, segundo a lenda, a altura do buraco feito pelo santo é igual à altura da torre da igreja construída para guarida de São José.
A pedra empurrada por São José para abrir caminho para a sua passagem encontra-se no mar a algumas dezenas de metros do maciço rochoso que lhe deu origem, formando um pequeno ilhéu que emerge ligeiramente acima das águas do mar. Foi assim que, segundo a lenda, nasceu a Ponta Furada encimada pelo Pico da Ponta Furada, uma das mais curiosas formações geológicas da ilha.
Sebastianismo
O sebastianismo foi uma crença ou movimento profético que surgiu em Portugal em fins do século XVI como consequência da morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
Após o desaparecimento de D. Sebastião no norte da África e da morte de seu tio, o cardeal-rei D. Henrique, houve uma disputa por quem sucederia o trono português por falta de herdeiros diretos.
O trono terminou nas mãos do rei Filipe II da rama espanhola da casa de Habsburgo. Basicamente é um messianismo adaptado às condições lusas e à cultura do Brasil.
Traduz uma inconformidade com a situação política vigente e uma expectativa de salvação, ainda que miraculosa, através do retorno de um morto ilustre.
Vários setores da população não acreditavam na morte do rei, divulgando a lenda de que ele ainda se encontrava vivo, apenas esperando o momento certo para voltar ao trono e afastar o domínio estrangeiro. De certa maneira, isso ecoava uma crença no chamado "rei encoberto", que povoara a península Ibérica, e que se manifestara fortemente durante as "Germaníadas" em Valência, durante o reinado do imperador Carlos V.
Entretanto, foi com o aparecimento dos chamados falsos "D. Sebastião" que aquilo que era uma crença difusa acabou por ganhar contornos políticos mais definidos, e em alguns casos, mais preocupantes para Madri. O caso mais emblemático e importante para a constituição do que se chamou de sebastianismo foi o do "Sebastião de Veneza", um calabrês, Marco Túlio Catizone, que se fizera passar por D. Sebastião. Incrivelmente, o Sebastião de Veneza obteve o apoio de vários fidalgos, letrados e religiosos portugueses, muitos deles ligados a "corte" exilada de D. António, prior do Crato, que disputara com Filipe II a sucessão da coroa portuguesa.
Entre eles, João de Castro 1551-1623, neto do homônimo navegador e vice-rei português da Índia 1500-1548, que dedicou seus anos finais de vida a provar e defender a causa sebastianista. Como indicado por Jacqueline Hermann, foi João de Castro que deu forma letrada e constituiu um corpo mais teórico ao que antes era um conjunto de esperanças no retorno de um rei desejado.
João de Castro, em seus tratados, uniu uma tradição exegética e apocalíptica em torno dos sonhos do livro de Daniel com o encobertismo e com os fundamentos proféticos da monarquia portuguesa. Entre eles, o Milagre de Ourique, que ganhara novas cores com o Juramente de Afonso Henriques, diploma forjado nos anos 1590 no mosteiro de Alcobaça, e, sobretudo, as Trovas de Gonçalo Annes Bandarra, escritas antes de 1540.
Foi João de Castro que editou e fez imprimir a primeira versão das Trovas que até então circulavam manuscritas ou oralmente. No seu Paráfrase e concordância, lançado na França em 1603, transcreveu e comentou os versos do sapateiro de Trancoso, buscando mostrar como as trovas enigmáticas e proféticas só poderiam indicar a volta de Sebastião I para retomar o trono português e expulsar os castelhanos.
Outro sebastianista importante foi Manuel Bocarro Francês, um cristão-novo, médico, matemático e astrólogo. No dia 1 de dezembro de 1640, um grupo de conjurados chefiados pelo Duque de Bragança futuro D. João IV - dinastia de Bragança, depôs em Lisboa o representante de Filipe III e restaurou a independência de Portugal e o movimento tomou novas características por todo o Império Português.
Como demonstrado por Eduardo D'Oliveira França e mais tarde Luis Reis Torgal, houve uma adequação da crença sebástica para uma ideologia restauracionista à serviço da causa de João IV. O jesuíta Antônio Vieira foi um dos principais articuladores dessa construção profética a partir do chamado sebastianismo.
Ainda que não tenha terminado suas obras proféticas, dedicou-se a elas de modo sistemático no fim da sua vida e já após o fim das Guerra de Restauração 1640-1668 contra a Espanha, escrevendo, entre outros, a Clavis Prophetaruam e a História do Futuro.
O poeta português Fernando Pessoa, em seu livro Mensagem, faz uma interpretação sebastianista da História de Portugal, em busca de um patriotismo perdido. O poema reinterpreta a História de Portugal em função de uma ressurreição de um passado heróico é a Hora!".
Sebastianismo no Brasil
O sebastianismo também influenciou certos movimentos brasileiros em todo o país, desde o Rio Grande do Sul até ao norte do Brasil, principalmente no início do século XX. Por exemplo, Antônio Conselheiro empregou-o em seus discursos à população de Canudos.
Segundo ele, Dom Sebastião iria retornar dos mortos para restaurar a monarquia no Brasil, atraindo assim a ira do recém-inaugurado governo republicano do Brasil. Antônio Conselheiro via também na realeza de D. Pedro II e na Casa de Bragança o Direito Divino do Império do Brasil recebido na cristofania do milagre de Ourique .
Lenda das Sete Caldeiras
A Lenda das Sete Caldeiras é uma tradição oral da ilha das Flores, nos Açores. Justifica a origem das caldeiras vulcânicas na ilha.
Há muitos e muitos anos, um agricultor vivia nas Flores com um filho chamado João. Todos os dias, este tinha de ir buscar água para a casa de seu pai, uma vez que próximo da mesma não existia qualquer nascente. João passava a vida a brincar e a sonhar.
Todas as pessoas que o conheciam diziam que ele era de coração simples, puro e bom, e que um dia iria realizar grandes feitos. Um dia João ia carregado duas bilhas de água que tinha ido buscar a uma nascente longe de sua casa e, pelo caminho, encontrou uma poça de água das chuvas, onde parou para descansar e brincar um pouco. Falando consigo mesmo, disse em voz alta: "Dizem as pessoas que noutros locais há lindas lagoas e caldeiras, na minha ilha não há, mas não faz mal, eu vou fazê-las".
Esquecendo-se do trabalho que já tinha tido ao ir buscar água tão longe de casa, pegou numa das bilhas de barro e despejou-a no chão. Para seu espanto, com a mesma facilidade com que derramara a água e sonhara em construir lagoas, viu crescer aos seus pés um grande lago que se alojou no fundo de uma caldeira.
Felicíssimo com o acontecimento, João pulou de alegria e pensou: "Daqui para a frente, sempre que encontrar poças de água vou fazer o mesmo!" Dito e feito, encontrou logo outra poça de água à sua esquerda, poucos metros à frente.
Não perdendo tempo, e com confiança no que fazia, vazou a outra bilha de água e ficou a ver a água a espraiar-se e dar origem a outra lagoa, desta vez muito funda. Cheio de contentamento e esquecendo-se do trabalho que lhe dava ir buscar água, voltou à nascente para ir buscar mais.
Mal regressava com as bilhas cheias começou novamente a sonhar, e encaminhado pelos seus sonhos de criança foi deambulando pela ilha, encontrando pelo caminho sete poças onde despejou as suas bilhas, e dando assim origem às sete lagoas da ilha das Flores.
Reza a lenda que foi assim se formaram a Lagoa Funda das Lajes e várias outras menos fundas, como a Caldeira Rasa, cujas margens são muito lodosas e tidas como perigosas. Das brincadeiras do João nasceram ainda a Lagoa Branca, a Lagoa Seca Santa Cruz das Flores, a Lagoa Comprida, a Lagoa Funda e a Lagoa da Lomba.
Todas lagoas diferentes, cheias de águas límpidas e puras como os pensamentos do João que as criou.