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Dinastia de Avis
A Dinastia de Avis, ou Dinastia Joanina, foi a segunda dinastia a reinar em Portugal, entre 1385 e 1581-1582.
Teve início no final da crise de 1383-1385, quando o Mestre da Ordem de Avis, D. João, filho natural de el-rei D. Pedro I, foi aclamado Rei nas Cortes de Coimbra de 1385.
É também a sucessora familiar da anterior, pois o primeiro rei da dinastia de Avis era filho ilegítimo do rei D. Pedro I da Dinastia de Borgonha.
A Casa de Avis
Antes disto, e possibilitando isto, dera-se a derrota do partido favorável à rainha destronada, D. Beatriz, mulher de João I de Castela, definitivamente vencido na batalha de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385.
A Casa de Avis, sucessora familiar da anterior dinastia de Borgonha, reinou no continente português entre 1385 e 1581, quando D. António é vencido no continente português, na batalha de Alcântara, e destronado, sendo aclamado em seu lugar o estrangeiro Filipe I nas Cortes de Tomar desse ano, sob a ameaça do seu exército que já ocupara Lisboa. Mas reina ainda nas ilhas até 1582, com a queda de Angra do Heroísmo, quando a Ilha Terceira e as restantes ilhas açorianas se rendem à armada invasora do Marquês de Santa Cruz.
A Dinastia de Avis é sucedida pela união pessoal entre as coroas de Portugal e de todos os demais reinos de Filipe II, que deu início à Dinastia de Habsburgo, ou Dinastia Filipina, ou Dinastia de Áustria.
Ascensão ao trono — Revolução de 1383-1385
A única filha do rei D. Fernando I de Portugal, e sua jurada sucessora, D. Beatriz, casara com D. João I de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras contra aquele reino, que haviam enfraquecido a economia de seu país. D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento.
D. Leonor Teles, a viúva de D. Fernando, nunca fora bem vista pelo povo e pela nobreza, que a não podia respeitar por ser ela já casada quando o rei, tomado de paixão, a roubou a seu marido, João Lourenço da Cunha, apelidado por isso mesmo de o Corninhos de Oiro — pois se enfeitara, por desgosto e luto, desde esse dia, com um chapéu munido de dois chifres dourados.
Mas, sob o reinado de sua filha D. Beatriz, residindo no estrangeiro, cabia-lhe a ela governar o reino como regente até que um filho de D. Beatriz completasse 14 anos, e viesse reinar pessoalmente em Portugal, conforme estipulado no Tratado de Salvaterra, contrato de casamento da princesa portuguesa, entre as coroas de Portugal e de Castela.
Isso desencadeou revoltas populares: as populações recusavam-se a aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro Castela, embora não por tal facto poder vir a dar origem à união dos dois países e em consequência a perda de independência de Portugal, mas sim por ódio à Rainha-Regente, considerada pessoa imoral, a quem não reconheciam por rainha porque bígama e de maus costumes.
Os povos de Lisboa e outras partes do Reino, juntos com boa parte da nobreza, pediram então a D. João, mestre da Ordem de Avis, filho ilegítimo do rei Pedro I, que aceitasse lutar contra D. Beatriz e o seu marido João de Castela, sendo o aclamado Regedor e defensor do Reino. Fugida a rainha D. Leonor Teles de Menezes de Lisboa, destituída da regência, viu-se obrigada a solicitar ao genro, o rei de Castela chamado D. João I para vir eliminar a revolução, e reinar pessoalmente em Portugal junto com D. Beatriz.
Dirigiu-se o soberano castelhano para Lisboa, à testa de grande exército, cercando a cidade por terra, e também pelo rio, com a sua armada.
A burguesia da próspera cidade de Lisboa, assim como muita da nobreza filha segunda, entre muitos outros partidários apenas por ódio a D. Leonor Teles e ao seu amante galego, o conde Andeiro, apunhalado durante a revolução pelo novo Regente, aderiram facilmente à causa do Mestre de Avis.
Foi a burguesia de Lisboa, mais rica, logo seguida por outras terras, quem financiou o esforço militar da revolução. Mas parte do clero e das primeiras figuras da nobreza portuguesas, por dever de fidelidade feudal, apoiavam ainda a sua rainha D. Beatriz.
Entretanto, um pequeno exército português, comandado por D. Nuno Álvares Pereira que apoiava o Mestre de Avis vence os castelhanos na batalha dos Atoleiros com uma táctica inovadora na Península.
O aparecimento da peste nas tropas sitiantes de Lisboa obrigou o rei de Castela a se retirar para o seu próprio reino.
Após algum tempo, outro exército luso-castelhano, por D. Beatriz e seu marido, invadiu novamente Portugal, acontecendo em Aljubarrota 1385 uma batalha decisiva e perigosa: aproveitando as vantagens da colocação no terreno e utilizando tácticas Romanas conjunto de paliçadas as tropas portuguesas, em número muito inferior, e chefiadas pelo rei D. João I na retaguarda e por D. Nuno Álvares Pereira, seu Condestável, na vanguarda, conseguiram uma notável vitória que deu brado na Europa do tempo, sobretudo pela utilização pelos portugueses das novas tácticas das covas de lobo, disfarçadas no terreno onde manhosamente haviam atraído o inimigo, onde caíram os pesados cavaleiros castelhanos, e pelo emprego sistemático das ágeis lanças.
É por vezes referido que a táctica lusa passou pelo uso da táctica do quadrado, embora não seja provável que tal tenha acontecido. Está batalha ficou conhecida como Batalha de Aljubarrota. A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada em 1411.
Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, no local, a construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por Mosteiro da Batalha, aonde jazem os príncipes da nova dinastia de Avis, em capela-panteão construída para esse fim.
A suposta dinastia de "Avis-Beja"
Há algumas dezenas de anos atrás, o historiador A. H. de Oliveira-Marques categorizou, num dos seus mapas genealógicos inseridos na obra em dois volumes História de Portugal, a sucessão de de D. João I até D. Manuel no primeiro desses mapas, intitulado Dinastia de Avis; e no mapa subsequente deu a descendência familiar de D. Manuel I até D. António, chamando a esse mapa genealógico, por mera facilidade de identificação e leitura, de "Avis-Beja".
Este facto anódino e banal veio a ser posteriormente permeado com outras leituras de influência genealógica estrangeira, ocasionando a generalização até hoje, entre pessoas menos bem informadas, da crença de que teria havido duas dinastias, a de Avis, e a de "Avis-Beja", pelo simples facto de D. Manuel I ser primo direito filhos de irmãos varões, e netos do mesmo avô paterno, aliás de D. João II.
Tal facto se deveria a ser D. Manuel Duque de Beja ao herdar a coroa, segundo essa crença: que ignora o facto de que D. Manuel era Infante de Portugal por nascimento, o seu primeiro título, e só por esse era tratado evidentemente até subir ao trono, sendo o ducado de Beja, entre muitos outros senhorios que deteve, apenas um apanágio para sua sustentação.
Também aliás não é um título, qualquer que ele seja, que pode alterar a pertença de alguém à mesma família. Nem as dinastias podem evidentemente mudar quando a sucessão se dá entre pessoas legitimamente pertencentes à mesma família o que não fora o caso de D. João I, por ter nascido filho natural, e ter retirado os direitos da herdeira legítima, D. Beatriz.
Acresce que se por este critério improcedente se desmembrasse a simplicidade das quatro dinastias tradicionais portuguesas, sempre que não sucedeu na Coroa filho, ou neto directo do monarca anterior, vários outros casos haveria em que teria de ser o mesmo processo aplicado: Dinastia de Bolonha, depois de subir ao trono o reinante Conde de Bolonha, D. Afonso III.
Dinastia do Crato, depois de aclamado rei em Santarém o antigo Prior do Crato, e mesmo Dinastia de Aviz-Inquisição, ou Dinastia de Avis-Évora, depois de suceder o cardeal-rei D. Henrique, que era tio avô do soberano anterior, D. Sebastião, e Arcebispo de Évora à data da sua acessão.
Pois em Portugal até 1834 tanto um ducado como um bispado eram casas com direitos patrimoniais de idêntica natureza senhorial.
TEXTO WIKIPÉDIA