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Herodes
Herodes, também conhecido como Herodes I ou Herodes, o Grande ca. 73 a.C. — Jericó, 4 a.C. ou 1 a.C., foi um edomita judeu romano, rei cliente de Israel entre 37 a.C. e 4 a.C.. Descrito como "um louco que assassinou sua própria família e inúmeros rabinos", Herodes é conhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém e outras partes do mundo antigo, em especial a reconstrução que patrocinou do Segundo Templo, naquela cidade, por vezes chamado de Templo de Herodes. Alguns detalhes de sua biografia são conhecidos pelas obras do historiador romano-judaico Flávio Josefo.
Seu filho, Herodes Arquelau, tornou-se etnarca da Samaria, Judeia e Edom de 4 a 6 d.C., e foi considerado incompetente pelo imperador romano Augusto, que tornou o outro filho de Herodes, Herodes Antipas, soberano da Galileia de 6 a 39 d.C..
Biografia
Herodes era filho do idumeu Antípatro e de Cipros da Nabateia. À época do rei hasmoneu, João Hircano, a Idumeia fora conquistada e seus cidadãos obrigados a se converterem ao judaísmo.
A maior parte do que conhecemos sobre sua vida nos é narrada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que provavelmente usou o trabalho de Nicolau de Damasco como fonte, porque, quando termina Nicolau, na época de Aquelau, o relato de Josefo se torna mais resumido. Segundo Josefo, a legitimidade de seu reinado era contestada pelos judeus por ele ser um idumeu. Numa tentativa de obter essa legitimidade, ele casou-se com Mariana, uma hasmoniana filha do alto sacerdote do Templo. Ainda assim, ele vivia temeroso de uma revolta popular, razão pela qual teria construído, como refúgio, a fortaleza de Massada.
Em 40 a.C., quando Matatias Antígono, o último rei da dinastia hasmónea, entrou na Judeia com a ajuda de uma potência vizinha, Herodes fugiu para Roma, onde António lhe entregou a realeza da Judeia, que assegurou com um exército romano, com o qual derrotou Antígono em 37. Octaviano o futuro imperador Augusto, após a batalha de Ácio, em 31, manteve-o no poder.
A sua corte era helenizada e culta. Ele fundou as cidades gregas de Sebaste Samaria e Cesareia Palestina, com o seu belo porto. Construiu fortalezas e palácios, incluindo Massada e o magnífico Templo, o Heródio. Presidiu aos Jogos Olímpicos.
Herodes destronou os reis da dinastia hasmónea, que tinham governado Israel mais de um século. Essa dinastia tinha contado com o apoio dos saduceus. Por isso, Herodes era mal visto entre os saduceus. Em contrapartida, ele pôde contar com o apoio da facção moderada dos fariseus, conduzida por Hillel. Contou também com o apoio dos judeus da diáspora, mesmo naquela época, de número considerável. Já a relação com os essénios era mais complicada. Por um lado, os essénios detestavam Roma e não aprovavam que Herodes governasse em nome de Roma. Por outro lado, Herodes era um amigo de Menahem, o essénio e respeitava os essénios.
Fez construir várias obras em seu reino, cuja monumentalidade ainda hoje é admirada. Delas subsiste, como documento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebron.
Ao morrer, em 4 d.C., Herodes deixou disposto, em testamento, a partilha do reino entre três de seus filhos sobreviventes: Herodes Arquelau, Herodes Antipas e Filipe.
As moedas que Herodes o Grande cunhou não trazem símbolos tão agressivos para a religião judaica como acontecerá com as dos seus descendentes. Além do tripé, de origem grega e com alguma eventual ligação às suas vitórias e consequente domínio sobre o país, e do elmo, vai usar o escudo; mas haverá outros símbolos mais poéticos, como a romã, o diadema, a cornucópia, a âncora, etc.
O Estado Judeu herodiano
Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus e sua mãe era descendente de árabes. Desse modo, sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder que ele exercia, e que diferia da tradição dos Hasmoneus, na medida em que:
o rei era legitimado como pessoa e não por descendência;
o poder não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito do senhor;
o direito à terra decorria de distribuição: o senhor o concedia ao usuário de sua escolha assignatio;
o rei era a fonte da lei, ou seja, a "lei viva, conforme a base filosófica helenística, em oposição à lei codificada da tradição judaica.
Essa nova estrutura de poder repudiada pelos judeus tradicionais, permitia a Herodes:
Nomear o sumo sacerdote do Templo: ele destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família babilônica e, mais tarde, da alexandrina;
Exigir de seus súditos um juramento de obediência, não raro em oposição às normas patriarcais;
Interferir na justiça do Sinédrio
Escravizar ladrões e revolucionários políticos, vendendo-os no exterior, sem direito a resgate;
O poder militar de Herodes baseava-se nos mercenários estrangeiros, aquartelados em fortalezas, ou em terras a eles destinadas no vale de Jezrael e nas cidades helênicas fundadas pelo rei.
Morte
A partir do trabalho de Emil Schürer em 1896 , a maioria dos estudiosos concordam que Herodes morreu no final de março ou início de abril, em 4 aC.
Evidência adicional é fornecida pelo fato de que seus filhos, entre os quais seu reino foi dividido, dataram de seus governos a partir de 4 aC, e Arquelau aparentemente também exerceu autoridade real durante a vida de Herodes. Josefo afirma que a morte de Filipe o Tetrarca tomou lugar depois de um reinado de 37 anos, no ano 20 de Tibério 34 dC
Josefo diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar. Ele faz um relato dos acontecimentos entre este eclipse e sua morte, e entre sua morte e o Pessach. Um eclipse parcial ocorreu em 13 de março de 4 aC, cerca de 29 dias antes do Pessach, e este eclipse é geralmente considerado como o referido por Josefo. Houve, contudo, outros três eclipses totais em torno deste tempo, e há os defensores de ambos os 5 aC- com dois eclipses totais, e 1 aC.
Josefo escreveu que a doença final de Herodes - às vezes chamada como "Mal de Herodes - era insuportável. A partir das suas descrições, alguns peritos médicos propõem que Herodes tinha doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier. Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranoia. Sintomas similares estiveram presente na morte de seu neto Agripa I, em 44, sobre quem se relata que os vermes visíveis e putrefação. Estes sintomas são compatíveis com uma sarna, que pode ter contribuído para sua morte e sintomas psiquiátricos.
Josefo afirmou também que Herodes estava tão preocupado pela grande probabilidade de ninguém lamentar sua morte, que ele comandou um grande grupo de homens ilustres para vir para Jericó, e deu a ordem dizendo que eles deveriam ser mortos no momento da sua morte para que assim se mostrasse a dor que ele ansiava pela sua perda. Para a felicidade deles, o filho de Herodes Arquelau e sua irmã Salomé não realizaram esse desejo do pai.
Após a morte de Herodes, seu reino foi dividido entre três de seus filhos, por Augusto. Augusto "nomeou Arquelau, não para ser o rei de todo o país, mas para ser etnarca, ou metade do que estava sujeito a Herodes, e prometeu dar-lhe a dignidade real doravante, se governasse a sua parte de forma justa. Mas quanto a outra metade, ele dividiu em duas partes, e as deu aos outros dois dos filhos de Herodes, a Filipe e Herodes Antipas, o qual disputou com Arquelau pelo reino todo. Desta forma, para ele era Pereia e Galileia que deveriam pagar seus tributos, que somavam anualmente 200 talentos, enquanto Batanea com Traconites, bem como Auranitis, com uma certa parte do que foi chamado House of Lenodorus, pagassem o tributo de 100 talentos à Filipe. Entretanto a Idumeia, e Judeia, e o país de Samaria, pagavam tributo à Arquelau, porém tinham a partir dali uma quarta parte desse tributo retirado por ordem de César, que decretou a eles aquela mitigação, devidos eles não terem se unido nesta revolta com o resto da multidão. Arquelau tornou-se etnarca da tetrarquia da Judeia, Herodes Antipas tornou-se tetrarca da Galileia e Pereia e Filipe tornou-se tetrarca dos territórios a leste do Jordão.
TEXTO WIKIPÉDIA